Um estudo da Universidade do Minho (UMinho) revela que 72 por cento dos menores dormem de 7 a 9 horas diárias durante a semana, “o que nem sempre é suficiente” para assegurar o seu bem-estar físico e psicológico. Associados a noites “mal dormidas” estão sintomas como mudança de humor, desmotivação, ansiedade, falta de concentração ou ainda, em casos extremos, problemas de comportamento, obesidade e menor resistência a doenças, afirma a investigadora Olinda Oliveira.
O trabalho incluiu uma amostra de meio milhar de alunos, com idades entre os 9 e 17 anos.
A presença de aparelhos multimédia no quarto é um dos fatores que mais retarda a hora de deitar. Mais de sete em cada dez inquiridos afirmaram ter televisão no quarto, seguindo-se do computador, aparelho de música e internet (55,8%).
“A necessidade cada vez maior de privacidade por parte das crianças e adolescentes leva os pais a colocarem vários aparelhos eletrónicos nos quartos dos filhos, propiciando hábitos de sono pouco saudáveis”, diz a autora, que é professora do ensino básico.
Citando a Fundação Nacional do Sono dos EUA, o estudo revela que os alunos com quatro ou mais itens eletrónicos nos quartos têm quase o dobro da probabilidade de adormecer na escola e/ou enquanto fazem os trabalhos de casa.
Os resultados mostram que mais de metade dos 502 inquiridos admite sentir, “às vezes”, distração. E há outros sintomas que, mesmo não sendo manifestados pela maioria, surgem com alguma frequência, como mudanças de humor (198), ansiedade (195), bocejo constante (185), agitação (166), desmotivação (160), olheiras (141), irritabilidade (129), pequenos acidentes (118), muita tristeza (114) e fadiga muscular (100). Da amostra integral, 12% confessou ter adormecido pelo menos uma vez nas aulas.
MEIO RURAL FAVORECE SONO
O local de residência parece igualmente influenciar a qualidade do sono dos estudantes. Os que habitam em meios rurais tendem a ter períodos de sono mais tranquilos e deitam-se mais cedo durante a semana (21h00-22h00) e ao fim de semana (23h00-24h00).
Os resultados confirmam ainda o que se passa na generalidade dos países ocidentais: a tendência em dormir menos de 9 horas por noite aumenta à medida que se avança nos anos de escolaridade. “Esta mudança nos padrões do sono que pode ter efeitos negativos nos processos de desenvolvimento, no progresso psicossocial e na performance académica dos mais novos”, esclarece Olinda Oliveira.
O trabalho, intitulado ‘Influência da Qualidade do Sono na Saúde, no Comportamento e na Aprendizagem Escolar de Alunos de 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico’, foi alvo de publicação pela Elsevier e pela Asociación Nacional de Psicología y Educación.