O Hospital de Braga recebeu 1.737 doentes covid-19 desde que em 4 de Março de 2020, há precisamente um ano, ali deu entrada o primeiro caso suspeito, que viria a revelar-se positivo. Os responsáveis da unidade de saúde não esquecem o caso de uma mulher de 100 anos, que, após um internamento de cerca de 15 dias, saiu do hospital “toda contente”, livre da infecção.
Em declarações à Lusa, o coordenador da área covid-19 do Hospital de Braga, Alexandre Carvalho, disse que o dia “mais complicado” foi 1 de Fevereiro, com um total de 189 doentes internados.
“Chegámos a ter cinco enfermarias completamente dedicadas à covid”, refere Alexandre Carvalho, num balanço do primeiro ano de epidemia no Hospital de Braga.
Actualmente, as coisas estão “bem mais calmas”, com 18 doentes em enfermaria e 22 em cuidados intensivos, até por força do confinamento imposto pelo Governo.
No entanto, Alexandre Carvalho apela a que não se baixe a guarda e a que o desconfinamento seja feito de forma planeada, com critérios “transparentes e claros”, para evitar surpresas desagradáveis.
“Penso que o mês de Abril será uma prova de fogo”, referiu.
CASOS
No dia 4 de Março de 2020, deu entrada no Hospital de Braga o primeiro caso suspeito de covid-19, uma mulher que dias depois viria ter resultado positivo para a infecção pelo novo coronavírus.
A partir daí, o número de entradas foi crescendo até Maio, mês em que se começou a registar uma significativa acalmia.
Com a chegada do Outono, o Hospital de Braga viveu um dos momentos críticos, fruto dos surtos registados na região Norte, sobretudo na zona do Tâmega e Sousa.
Outra subida “muito acentuada” registou-se em Janeiro deste ano, tendo nessa altura o Hospital de Braga recebido doentes também do Hospital Amadora-Sintra.
“Na primeira fase, foi mais fácil acudir à covid-19, porque tínhamos mais gente disponível, uma vez que a restante actividade do hospital sofreu uma considerável quebra. Na segunda, o hospital manteve a actividade não covid, o que exigiu muito mais de todos nós”, disse Alexandre Carvalho.
Pelo meio, na retina daquele responsável ficaram casos como o de uma mulher de 100 anos, que, após um internamento de cerca de 15 dias, saiu do hospital “toda contente”, livre da covid.
Alexandre Carvalho lembra ainda o caso de um homem na casa dos 50 anos que deu entrada no hospital com covid-19 e, pouco depois, começou a piorar e teve de ir para os cuidados intensivos.
“Tive de ir falar com ele, dizer-lhe que tinha de ir para os cuidados intensivos. Ficou em pânico, nem conseguia piscar os olhos. Mas em três dias recuperou e voltou para a enfermaria. Já vinha com uma expressão de alívio, de quem pensava que ia para o inferno mas que, afinal, regressou ao paraíso. Foi quase como um renascimento, uma ressuscitação”, referiu, confessando que este foi um episódio que o marcou.
Dos 1.737 doentes covid-19 que já passaram pelo Hospital de Braga, 207 estiveram em cuidados intensivos.