Em 2019, realizaram-se 15.264 interrupções voluntárias da gravidez (IVG) em Portugal, um número que representa uma subida de 2,25%, contrariando assim uma tendência de redução dos abortos que se verificava desde 2011 – ano em que se registou o maior número de IVG desde que o aborto foi legalizado em Portugal (20.480).
Os dados do Eurostat mostram assim que, em 2019, foram realizados mais 336 abortos do que no ano anterior (14 928), noticia esta quinta-feira, o Jornal de Notícias.
Quanto à faixa etária, os dados revelam que as mulheres entre os 25 e os 29 anos foram as que mais realizaram interrupções voluntárias da gravidez (3380). Contudo, este número diminuiu nestas idades face ao ano anterior em que se registaram 3530 abortos na mesma faixa etária.
Nas restantes idades, foi entre os 20 e os 24 anos que se registou a maior subida face a 2018 (mais 162), mas houve ainda um aumento dos 15 aos 19 (mais 43), dos 30 aos 34 (mais 19), dos 35 aos 39 (mais 66) e dos 50 ou mais anos (4).
Os números do gabinete de estatísticas da União Europeia revelam ainda que a diminuição de abortos se verificou sobretudo nas idades compreendidas entre os 40 e os 44 (menos 76). Até aos 15 anos, verificou-se uma descida de nove casos, tento havido 42 interrupções voluntárias da gravidez, e dos 45 aos 49 anos, 107 (menos 24 do que no ano anterior), escreve o JN.
Vera Silva, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, considera que esta subida se deve sobretudo à falta de informação e acredita que não deve estar relacionada com uma eventual diminuição das consultas de planeamento familiar ou distribuição de contraceptivos gratuitos nos centros de saúde.
Segundo a médica, este crescimento pode também estar relacionado com o número de estrangeiras que vêm a Portugal interromper a gravidez, escreve o mesmo jornal, adiantando que o Eurostat não indica a nacionalidade das mulheres.
Em 2019, 44,6% das mulheres que interromperam a gravidez ainda não tinham tido nenhum filho (6812).