Abriu esta sexta-feira ao público no Forte S. João Baptista, em Esposende, exposição ‘Patrimónios Emersos e Submersos – Do Local ao Global’, ma mostra que revela aspectos da investigação multidisciplinar que tem como ponto central o naufrágio quinhentista descoberto em Belinho.
A exposição, inserida nas comemorações dos 500 anos da primeira viagem de circum-navegação do globo terrestre, iniciada por Fernão de Magalhães e terminada por Sebastián Elcano, assinala a reabertura do Forte como espaço de divulgação da riqueza arqueológica do território, cuja descoberta, estudo e preservação decorrem, em larga medida, da protecção realizada pelo município.
Aludindo à exposição que integra o 5.º Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação, Benjamim Pereira recordou “a epopeia dos Descobrimentos, a importância que o porto de Esposende teve na época, na construção de embarcações que abriram novos mundos ao mundo”.
“Depois de descoberto o navio Quinhentista, na praia de Belinho, e da descoberta de diversos materiais líticos associados ao período da Pré-História Antiga e de fragmentos de cerâmica, atribuídos ao período romano, na praia da foz do ribeiro de Peralta, em Rio de Moinhos, fomos, recentemente, brindados com os vestígios da Foz do Neiva, que remontarão à Idade Média ou à Época Romana e, na abertura do canal interceptor, em Marinhas, foi descoberto um conjunto de artefactos pré-históricos”, afirmou o presidente da Cãmara Municipal.
O autarca realçou que “estas surpresas” obrigam “à reacção rápida” do Serviço de Património Cultural, do Município, que “actua numa frente alargada e multidisciplinar, e cuja acção tem contribuído para a preservação e a divulgação, através de estudos sustentados pela comunidade académica”.
TRABALHO MULTIDISCIPLINAR
Em representação da comissão científica das acções ‘Circum-navegando… Do Local ao Global’, Amélia Polónia, professora no Departamento de História, Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e coordenadora científica do Centro Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória enquadrou o projecto que “consubstancia a articulação do local com o global”.
“Esta exposição mostra-nos que, para além das rivalidades imperiais, os homens marítimos eram os construtores de um mundo global. Esposende destaca-se, à sua maneira, complementando outras vertentes locais, nomeadamente com a construção naval, onde a criatividade humana soube adaptar-se às contingências”, disse Amélia Apolónia.
Esta investigadora espera que esta exposição faça com que “a comunidade se reveja nesta História e permita recuperar saberes, transferência de conhecimento e qualificação”.
Enquanto representante da comissão da exposição ‘Patrimónios Emersos e Submersos – Do Local ao Global’, Susana Medina, da Universidade do Porto, elencou as bases que sustentam este projecto, desde logo suportadas num trabalho multidisciplinar, de base tecnológica que permite levar mais longe a investigação.
“Os achados arqueológicos adquirem uma importância de universalidade que transcende a região. Esta exposição permite, ainda, dar a conhecer a toda a comunidade, os resultados de uma investigação que, muitas vezes, não chega ao cidadão comum. Destaco essa vontade do município de Esposende em devolver aos cidadãos o investimento feito na investigação”, sublinhou Susana Medina.
A exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e a entrada é gratuita. Quem pretender efectuar visitas orientadas deve solicitar, através do telefone 253 960 179 ou do e-mail arqueologia@cm-esposende.pt e observar as regras da DGS.