O projecto de reconversão do ‘histório’ Cinema S. Geraldo, bem no centro da cidade, está envolto em controvérsia. O Bloco que de Esquerda (BE) pede um debate público que a Igreja diz desconhecer. Ricardo Rio não comenta. A Cidadania em Movimento também já veio a terreno exigindo que Rio e torne pública a avaliação que foi realizada àquele sala de espectáculos inactiva há cerca de 20 anos.
A Igreja de Braga não comenta o pedido do BE de um debate público sobre o projeto de reconversão do antigo Cinema São Geraldo, até porque “nada recebeu do partido”. O presidente da Câmara, Ricardo Rio também não comenta a iniciativa.
O BE de Braga quer que a Arquidiocese suspenda o projecto de reconversão do antigo Cinema, “para permitir um debate alargado em que se busque uma solução que evite a perda de um equipamento cultural tão necessário à cidade”. A Igreja não comenta, até porque “nada recebeu do BE”.
A Arquidiocese anunciou, há dias, que vai investir seis milhões de euros para transformar o antigo cinema – desativado há duas décadas – num hotel de 4 estrelas, num mercado gastronómico e cultural e numa área de serviços.
A concelhia bloquista lembra que “a Arquidiocese é a proprietária do imóvel o que lhe traz total responsabilidade na concretização de qualquer proposta de reconversão”.
“O que não aceitamos é o papel do município, qual mero observador, que se coloca à margem de uma verdadeira discussão pública que possibilite, no limite, a aquisição do edifício”, afirma.
O BE desafia, por isso, a Câmara, “na continuidade daquilo que tem sido veiculado nos documentos oficiais que norteiam o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana do Centro Histórico, a investir numa discussão pública o mais alargada possível, onde técnicos, agentes culturais e cidadãos possam valorizar uma proposta que vá de encontro às carências culturais da cidade”.
CEM quer conhecer avaliação
Também a Cidadania em Movimento (CEM) solicita a Ricardo Rio que torne pública a avaliação que foi realizada ao Cinema S. Geraldo.
Em comunicado, a CEM explica que a sua exigência de “prende-se com o facto de Ricardo Rio ter afirmado, na Assembleia Municipal, que os custos da aquisição do Cinema S. Geraldo ascenderiam aos cinco milhões de euros.
“Uma vez que não é do conhecimento público a existência de qualquer avaliação ao valor daquele equipamento, que sustente as afirmações do presidente da Câmara de Braga”, a CEM considera “fundamental que essa avaliação, bem como os critérios que lhe presidiram, seja divulgada”.
A CEM recorda que “a avaliação de imóveis não parece ser o forte do actual presidente da Câmara, já que, enquanto potencial comprador, tende a defender a posição do vendedor”.
O Movimento refere que “na memória da cidade está ainda bem presente a inabilidade política, muito lesiva para os cofres municipais, da expropriação da antiga Fábrica Confiança, que Ricardo Rio negociou, juntamente com Vítor Sousa, por 3,5 milhões de euros, quando o engenheiro Casais Baptista, perito do tribunal e ex-vereador [do PCP] da Câmara de Braga, não lhe atribuiu mais de 1,1 milhões de euros”.
Luís Moreira (CO 8078) com Fernando Gualtieri (CP1200)