Mais de uma centena de produtores de leite reivindicou esta sexta-feira, na Póvoa de Varzim, a “subida urgente” do preço pago à produção do leite, avisando que estão no “fim da linha” e ser “imoral” 30 cêntimos por litro. Os produtores em protesto eram, sobretudo, do Minho e do norte do país.
‘Pela sobrevivência do sector 0,38 Euro /litro’, ‘Exigimos um preço do leite justo pago à produção’, ‘É urgente justiça no sector’, ‘Lutaremos até ao fim’, ‘É imoral, uma vergonha”, ‘Quem fica com o nosso dinheiro?’ estas eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes que os produtores de leite portugueses mostravam na manifestação marcada para a entrada da cooperativa de leite Agros.
O custo do litro de leite pago ao produtor em Outubro transacto em Portugal foi de 30 cêntimos, enquanto que a média paga na União Europeia é 38 cêntimos, um preço que os produtores de leite exigem que lhes seja pago já este mês de Novembro, sob a pena de terem de fechar dezenas de vacarias em Portugal.
Dezenas de tractores estacionados junto à cooperativa de leite Agros serviam como uma espécie de escudo protector aos produtores de leite portugueses que se concentraram em frente àquela estrutura para entregar aos responsáveis da Agros uma carta aberta, assinada pelos Produtores de leite Unidos, onde é pedido que seja pago à produção no “mínimo 38 cêntimos por litro de leite produzido” o preço médio praticado pelos países da União Europeia.
“ISTO É GOZAR”
António Martins, da cooperativa de Barcelos que tem cerca de 100 funcionários, também criticou a indiferença da ministra da Agricultura ao sector do leite.
“Acho que a ministra da Agricultura demonstrou ao longo do seu percurso que nunca deu importância a um sector tão vital [leiteiro]. Porque as políticas agrícolas do país é que definem se realmente esta actividade é ou não é rentável. As ajudas que existiram, os projectos que ficaram na gaveta, a indefinição que existe a nível de futuro, tudo isso complica-nos e muito”.
António Martins, antes de entrar para uma reunião com responsáveis da Agros, disse aos jornalistas que se está a destruir uma actividade que “era e pode ser sustentável”.
“Sabemos que de há cinco anos para cá, a diminuição de explorações é drástica e isso é preocupante. É preocupante para mim como agricultor, porque a minha exploração pode acabar dentro de meses, como também é preocupante para as organizações que vivem da agricultura”, defendeu.
O leite está a ser pago ao produtor em média a 32 cêntimos por litro de leite, mas há promoções nos hipermercados a 39 cêntimos, explicou António Martins, referindo que desse valor tem de se feita a transformação, recolha e a margem dos hipermercados.
“Tudo isso é gozar um bocado com o nosso trabalho. A culpa pode não ser dos supermercados. A culpa se calhar foi do comodismo ao
Os produtores de leite conseguiram entregar a carta aberta aos responsáveis da Agros, adianta a Lusa.