O director de exportações da Vercoope, cooperativa de vinho verde de vários concelhos do Norte com forte presença na Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e países bálticos, vê a guerra “com preocupação, mas não pânico”.
“Nós olhamos com alguma preocupação, mas não pânico, porque apesar de tudo temos negócio fora daquela área. São 15% do nosso negócio”, disse à Lusa José Castro, director de exportações da Vercoope, união de sete cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra.
Detalhando que a Rússia, a Ucrânia, a Bielorrússia e os países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia, que também são revendedores) representam 30% do total de exportações, o responsável referiu que este mercado comprou um milhão e meio de garrafas à Vercoope em 2021, num montante de cerca de dois milhões de euros.
Questionado sobre que tipo de produto é vendido para aqueles mercados, José Castro referiu que são exportados vinhos de “todas as gamas”, e que eram “mercados já com algum crescimento e alguma sofisticação”, que “estavam a ser trabalhados há 15 anos”.
O responsável da Vercoope referiu, no entanto, que antes da guerra começar, já se estavam a sentir dificuldades no escoamento de produto para aqueles mercados.
José Castro referiu-se concretamente ao “aumento dos custos de transporte”, à “queda do rublo [moeda russa] e da grívnia [moeda ucraniana]”, aos seguros, “que começaram a baixar os ‘ratings’ e as coberturas”, e agora as sanções ao sistema de pagamentos SWIFT, no caso da Rússia.
“Embora não haja uma sanção directa aos produtos alimentares – o vinho ainda é do sector agro-alimentar – são obstáculos que dificultam muito o fluxo da mercadoria”, lamentou.
A Vercoope esperava ter um crescimento de “10% a 15%” em vendas naqueles mercados do Leste europeu este ano, ainda que as vendas não se traduzam imediatamente em resultado líquido, pois não são “tudo lucro”.