O Museu Municipal de Esposende apresentou o seu novo programa e destacou o trabalho desenvolvido pelas unidades museológicas na preservação dos patrimónios, nomeadamente o marítimo, num colóquio decorreu na Universidade de Coimbra.
Falando no colóquio ‘Paisagem Marítima de Moçambique: Património e Ordenamento’, Ivone Magalhães destacou o trabalho desenvolvido pelas unidades museológicas do museu esposendense a preservação dos patrimónios, nomeadamente o marítimo.
Ivone Magalhães afirmou que o museu dedica particular atenção à interpretação cientifica e pedagógica, atendendo a aspectos que vincam a identidade cultural do concelho, principalmente a paisagem marítima do concelho de Esposende, as praias, as dunas e os lavradores do sargaço, a par da reparação naval em madeira para a pesca artesanal tradicional.
Já no painel ‘Salvaguarda de patrimónios marítimos e museus: conceitos e práticas em mudança’, foi apresentado ‘O caso do Museu Municipal de Esposende’, um estudo de caso que apresenta a reinvenção de um museu de território, com 30 anos de trabalho, que permitiu “uma nova e relevante reflexão sobre a importância das paisagens marítimas e principalmente sobre o papel social dos museus locais na preservação e valorização dessas paisagens”.
A par do papel da arquitectura no ordenamento dos territórios, marítimo e terrestre, chamada a valorizar cada vez mais os testemunhos do edificado do passado, mantendo-os, reconstruindo ou renovando, e incluindo-os nos novos planos de pormenor urbanísticos, desenvolvendo em torno deles novos discursos patrimoniais e um novo ordenamento.
Inserida na cátedra ‘UNESCO em Diálogo Intercultural de Patrimónios de Influência Portuguesa’, o colóquio organizado pelo Instituto de Investigação Intercultural daquela universidade, garantiu uma oportunidade ao Museu Municipal de Esposende de partilha de conhecimento com investigadores de Moçambique, Portugal e França.
PAISAGEM CULTURAL
Recorde-se que o Museu Municipal tem sido responsável por vários programas de investigação sobre o património marítimo, observando, inventariando, estudando e interpretando a paisagem marítima, ou melhor, as paisagens marítimas a norte e a sul do Rio Cávado. Esse trabalho tem permitido reconhecer o potencial de colocar em diálogo os diferentes sítios-paisagem, enquanto patrimónios naturais que se constituem paisagem (eco factos) e, simultaneamente, enquanto patrimónios culturais representados nos objectos e nas ideias (artefactos e mentefactos) que o museu conserva (património material e imaterial).
“Neste contexto, a paisagem cultural marítima do concelho de Esposende foi entendida como um território de interland terrestre e subaquático, e constitui um concelho genuinamente costeiro, preservado pelo Parque Natural Litoral Norte (área de paisagem protegida e área marinha protegida), um espaço onde ainda actuam quatro comunidades agro-marítimas, mantendo vivas as tradições e onde a paisagem é portadora de um incrível valor cultural, com diferentes bens patrimoniais, etnológicos, arqueológicos e históricos”, referiu a representante do museu esposendense.