Mais de 680 pessoas foram detidas este sábado em novos protestos contra a mobilização parcial decretada na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, para reforçar as tropas na Ucrânia, segundo organizações independentes.
“Às 18h51 em Moscovo (16h51 em Lisboa) já tinham sido detidas 689 pessoas em 30 cidades”, assinalou a organização OVD-Info, que faz o seguimento de detenções na Rússia.
O maior número de detenções teve lugar em Moscovo, onde as forças policiais tinham detido a essa hora 345 pessoas.
Na capital russa, as autoridades mobilizaram um vasto dispositivo policial que actuou preventivamente e deteve várias pessoas que passavam pelo local onde estava previsto decorrer a manifestação, segundo a agência Efe.
“Por que me levam? Vou para a estação de metro”, disse uma jovem aos polícias que a escoltavam para uma carrinha policial, obtendo como resposta: “Vamos, senão vai ser pior!”
Em São Petersburgo, a segunda cidade do país, havia 129 detidos e a polícia usou bastões, segundo os ‘media’ locais.
O protesto foi convocado pelo movimento juvenil opositor Vesná (Primavera) sob o lema “Assembleia de mulheres de negro”.
Este foi o segundo dia de protestos contra a mobilização ordenada por Putin, que a justificou com a necessidade de defender a soberania e a integridade territorial do país.
No protesto anterior, que decorreu na quinta-feira, foram detidas cerca de 1.400 pessoas em todo o país.
“PARTICIPAÇÃO ELEVADA”
As autoridades pró-russas no leste e sul da Ucrânia referem uma participação elevada no primeiro dia de votação dos referendos de anexação, este sábado no seu segundo dia, enquanto residentes e fontes ucranianas denunciam coação para participar na consulta.
Segundo o líder da autoproclamada república de Donetsk, Denis Pushilin, a participação no primeiro dia de votação foi de 23,64%, enquanto na vizinha Lugansk foi de 21,97%.
Em alguns casos, os membros das comissões eleitorais apontam os dados das pessoas que votam contra a anexação ou ameaçam-nas de expulsão das suas casas se não fizerem a cruz no sítio certo, diz um canal da rede social Telegram que recolhe testemunhos de residentes de Kherson.
Yuriy Sobolevskiy, representante das autoridades de Kherson leais a Kiev, disse que em alguns casos os residentes são obrigados a votar várias vezes ou a introduzir boletins em nome dos familiares que não estão em casa.
O presidente da autarquia de Enerhodar, na região de Zaporíjia, descreveu hoje situações semelhantes, enquanto, segundo o ‘media’ da oposição russa Astra, na localidade de Vasilivka, na mesma província, algumas pessoas que marcaram a “opção errada” foram detidas.
O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, afirmou na sua conta de Telegram que em algumas localidades sob controlo russo as autoridades estão a contabilizar votos de eleitores que estão a lutar na frente de combate ou até que já morreram.
Fontes da autarquia de Mariupol prévia à tomada da cidade pelos russos falam de “brigadas móveis” que esperam os trabalhadores quando chegam aos seus postos de trabalho e pressionam-nos a votar sob ameaça de perderem os seus empregos.
Com MadreMedia