Cobrança difícil. Ou ajuste de contas. Estas as principais pistas que estão a ser seguidas pela PJ do Porto na investigação ao rapto do empresário de Braga, Paulo Jorge Fernando Fernandes, ocorrido sexta-feira, à noite, em Lamaçães, Braga. Até agora, a família não recebeu qualquer pedido de resgate, nem contacto dos raptores.
A vítima, de 43 anos, actualmente com negócios em França – numa empresa de construção de um irmão que actua como subempreiteiro – teve problemas com a firma de ar condicionado que geriu em Braga e que entrou em insolvência em 2013, deixando algumas centenas de milhares de euros em dívidas a credores. Outras fontes dizem que o empresário saldou – e continua a fazê-lo – as dívidas, pelo que apontam para um ajuste de contas.
Este sábado, uma brigada de combate ao banditismo da PJ/Porto esteve no local, a tentar recolher indícios que possam levar aos raptores e a interrogar de novo, os familiares, a ex-mulher, os pais e os sogros.
Fonte ligada ao processo adiantou que o sequestro terá sido encomendado a um gangue da região, especializado em cobranças de dívidas ou cheques, estando as autoridades policiais a tentar descobrir se está radicado em Braga ou no Porto.
RAPTO
O crime aconteceu perto das 21 horas na garagem do prédio com o número 37 da Avenida Dr. António Palha, em cujo quarto andar reside: os raptores, de cara tapada e empunhando ‘shot-guns’, forçaram-no a sair do carro, onde também estava a filha de oito anos, e, ante a sua resistência, agrediram-no a soco, fazendo-o sangrar. Meteram-no depois num veículo Mercedes, Classe A, cinzento e saíram – segundo testemunhas oculares – em grande velocidade e com os pneus a chiar.
A criança subiu, então, em pânico, ao rés-do-chão, onde foi acolhida pela proprietária da Farmácia de Lamaçães, ali sedeada.
COBRANÇAS DIFÍCEIS
E GALINHAS MORTAS
Apesar de Braga ser uma cidade geralmente pacata, as polícias conhecem a actividade de grupos que se dedicam a cobranças difíceis. Em 2014, um pequeno empresário, cujo negócio ficou insolvente, que foi ameaçado e, finalmente, sovado por um grupo que reclamava o pagamento de uma dívida. Não se queixou, por medo. Outros casos há, em que é deixada, em jeito de aviso, uma galinha morta à porta do devedor, uma garrafa com gasolina, ou em que se desenrolam perseguições em automóvel, com embates propositados. As ameaças complementam o “serviço” e são feitas com telemóveis importados, sem número, que são descodificados de modo a que as polícias não os detenham.
Luís Moreira (CP 8078)
Foto: Global Imagens