O executivo municipal, de maioria PSD/CDS-PP, chumbou esta segunda-feira a proposta conjunta do PS e CDU que exigia a suspensão “imediata’ do projecto de recuperação do S. Geraldo bem como a abertura de um debate público sobre qual o uso a dar a este cinema que no próximo ano faz 100 anos.
De portas encerradas há duas décadas, e completamente degradado, este histórico cinema tem estado no centro de uma acesa controvérsia que envolve a diocese – proprietária do imóvel-, a autarquia o PS, CDU, Bloco de Esquerda e Cidadania em Movimento (CeM) que ali querem mais que um hotel e um espaço de restauração “diferenciado”.
Quer Carlos Almeida (CDU) quer a vereação socialista acusam a maioria de não reconhecer o valor patrimonial, social e cultural do S. Geraldo, ponto de encontro e socialização de inúmeras gerações de bracarenses.
Almeida defende que o edifício poderia albergar um espaço social e cultural “alternativo e “multiusos”, de forma fazer face à carência de espaços culturais em Braga. Já Liliana Pereira diz que Rio é muito diferente hoje daquele que na oposição defendia o património da cidade. “Parece duas pessoas diferentes”.
“Ricardo Rio demorou pouco mais de dois anos a adquirir alguns traços da governação do Partido Socialista quando este se demitia das suas responsabilidades e assumia algum autismo na gestão dos processos”, afirma o vereador da CDU, acusando o autarca de não ouvir as associações e movimento cultural que “se está a mexer em defesa do S. Geraldo.
É Carlos Almeida que acaba por resumir a posição da ‘aliança’ de esquerda: “a regeneração do S. Geraldo está a desprezar os interesses colectivos da cidade e o que os cidadãos querem que aquele edifício seja social e culturalmente”.
Contra visão “estatista”
“ O município não tem uma visão estatista da nossa sociedade, não tem que estar a municipalizar todos equipamentos só por que alguém acha que seria mais interessante municipalizá-los do que deixá-los ao livre escrutínio da iniciativa privada”, responde Ricardo Rio, adiantando que a câmara não tem recursos financeiros para adquirir o S. Geraldo e que os fundos comunitários alocados à autarquia na área do património “já não chegam para os projectos que consideramos prioritários”.
“ O projecto apresentado pela Diocese cumpre o desejamos para aquele espaço: um projecto que não é só de regeneração do edificado mas de reactivação económica daquela zona”, afirma Ricardo Rio, frisando que “não faria sentido que a Câmara desperdiçar recursos envolvendo-se na concretização de iniciativas que cumprem o objectivo de regeneração urbana”.
“Não é a Câmara que tem que suspender o licenciamento – o que seria uma absoluta ilegalidade-, não é a Câmara que tem que estudar outras soluções, não é a Câmara que tem que lançar um debate público. Quem tem de estar receptivo a outras soluções é o proprietário do imóvel”, conclui Ricardo Rio.
Fernando Gualtieri (CP1200)