A esquerda francesa saiu este domingo às ruas de Paris para reivindicar melhores condições de vida face à inflação, num protesto que os manifestantes esperam que ganhe expressão em todo o território gaulês e consiga paralisar o país nos próximos dias.
A este protesto, previsto desde Agosto pela coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), para reivindicar um aumento generalizado dos salários, mantendo a exigência de 1.600 euros líquidos de salário mínimo, juntaram-se nas últimas duas semanas as dificuldades sentidas em todo o país devido às greves nas refinarias.
Os sindicatos preferiram não juntar-se ao protesto ‘Marcha Contra a Vida Cara’ deste domingo, convocando uma greve geral para terça-feira, numa altura que mantêm ainda um braço de ferro com a empresa Total, resultando na escassez generalizada de combustíveis. No entanto, se o sinal a nível nacional foi negativo por parte de centrais sindicais como a CGT, as federações marcaram presença em Paris.
“Para nós, sindicalistas, houve um grande ataque contra o nosso direito à greve com as requisições feitas nas refinarias e isso não é possível. O alcance destes protestos está a aumentar e é preciso que nos batamos pelos nossos direitos. Ficar em casa a discutir na sala não dá em nada, a população está a perceber o que nos estão a fazer a todos”, declarou Noella, que pertence à CGT do departamento de Cher, no centro da França.
Para Jean-Luc Melénchon, a grande figura da esquerda que apelou a esta mobilização, esta manifestação é apenas “o dia 1” de “uma conjunção entre uma mobilização popular, uma crise institucional e uma mobilização social”, que se vai desenrolar esta semana, com o possível anúncio do Governo da utilização do artigo 49.3, que força a aprovação do Orçamento sem passar pela Assembleia Nacional.
Apesar de uma forte mobilização da polícia, o cortejo decorreu quase sem incidentes, com os organizadores a contabilizarem 140 mil pessoas nas ruas de Paris e as autoridades estimarem que estavam presentes cerca de 30 mil manifestantes.
Com RTP