As medidas de coação aplicadas ao presidente e ao vice-presidente da Câmara de Montalegre, que renunciaram aos cargos na sexta-feira, só devem ser conhecidas na segunda-feira, disse este domingo um dos advogados.
O advogado Ricardo Sá Fernandes, representante do vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, David Teixeira, adiantou à agência Lusa que o Ministério Público vai propor prisão preventiva para os dois autarcas.
O presidente da autarquia, Orlando Alves, e o vice-presidente, David Teixeira, que renunciaram na sexta-feira aos cargos para os quais tinham sido eleitos pelo Partido Socialista (PS), estiveram no sábado e hoje a ser ouvidos no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto
Orlando Alves, David Teixeira e ainda o chefe de gabinete da divisão de obras municipais foram detidos na quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da operação ‘Alquimia’, por estarem indiciados dos crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, a PJ explicou que a investigação versa sobre “um volume global de procedimentos de contratação pública, no período de 2014 a 2022, suspeitos de viciação para benefício de determinados operadores económicos, num valor que ascende a 20 milhões de euros”.
Em comunicado divulgado também na quinta-feira, a Câmara de Montalegre disse que o edifício dos Paços do Concelho foi alvo de buscas por elementos da PJ, acompanhados por procuradores do Departamento de Investigação e Acção Penal Regional do Porto, no âmbito de uma investigação relacionada com processos de contratação pública.
Orlando Alves e David Teixeira assumiram os cargos na Câmara de Montalegre em 2013, estando a cumprir o terceiro mandato. Nas eleições autárquicas de 2021, em Montalegre, o PS obteve 51,17% dos votos e conquistou quatro mandatos e o PSD três mandatos (42,35%).
De acordo com o comunicado divulgado pela PJ, foram executadas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia local e diversas empresas nos concelhos de Montalegre, Braga, Famalicão e Vila do Conde, tendo-se procedido à detenção dos três homens.