A Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) apelou esta sexta-feira à “intervenção urgente” do Governo face à escalada dos preços das garrafas de vidro, que está a penalizar “dramaticamente” a competitividade dos produtores portugueses.
“A ANCEVE pede ao Governo que estabeleça urgentemente uma plataforma de diálogo para que, sob o seu alto patrocínio, representantes dos sectores do vinho e do vidro possam analisar a situação e procurar a forma mais eficaz de abordar e resolver este gravíssimo problema”, sustenta a associação em comunicado.
De acordo com a ANCEVE, a recente baixa gradual do custo da energia reflectiu-se positivamente nos fretes de transporte em navio, mas “não teve, lamentavelmente, ainda qualquer reflexo no fornecimento das garrafas, que continuam a ser colocadas no mercado com preços recorde”.
“De norte a sul do país, os produtores de vinho estão a ser confrontados com custos do vidro que estão em média mais de 55% acima dos valores pré-guerra e com alcavalas no seu fornecimento (taxa de energia, valor do transporte e exigência de pagamento antecipado)”, salienta.
Segundo a associação, “se é certo que o custo energético teve um aumento, é inegável que este já está há vários meses a ser aliviado”, mas, “estranhamente, não há qualquer reflexo no custo das garrafas”.
“Para muitos produtores, sobretudo os que se posicionam em segmentos mais competitivos, o aumento do custo do vidro, que não tem paralelo noutros países, deixa-os dramaticamente fora do mercado”, alerta.
Adicionalmente, a ANCEVE diz que “continua a registar-se escassez de muitos modelos de garrafas (ao contrário do que acontece noutros países vinícolas concorrentes), o que tem obrigado os produtores a alterarem constantemente procedimentos e rotulagem, para adaptarem a sua produção aos modelos disponíveis, o que afecta gravemente a consistência das suas estratégias comerciais e de ‘marketing’”.
“De acordo com dados divulgados pelo Instituto da Vinha e do Vinho, Portugal produziu na última vindima cerca de 688 milhões de litros de vinho. Sendo que a maior parte do vinho português é engarrafado, é bom de ver não só a importância que o vidro tem para este sector, mas, além disso, como o vinho é o principal exportador de vidro português para os quatro cantos do mundo”, enfatiza a associação.
Fundada em 1975, a ANCEVE representa produtores e engarrafadores de vinhos e bebidas espirituosas das principais regiões do país.