A greve de professores por distrito chegou esta quinta-feira Viana do Castelo, com dezenas de professores a apelarem para que o Governo os escute e a pedirem “socorro” ao Presidente da República.
“O senhor Presidente da República tem, neste momento, a chave para parte dos problemas que estão a assolar a educação. Tem um diploma que, se vetar, pode tirar um pouco do pântano em que estamos mergulhamos. Se o diploma fosse, eventualmente, aprovado teríamos entre 20 e 30 mil professores desterrados”, afirmou Paulo Cunha à Lusa um dos docentes que se concentraram em protesto junto à escola EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires.
O professor do agrupamento de escolas de Valença, responsável pelo cartaz “Sr. Presidente Socorro” colocado no protesto convocado pela plataforma de nove sindicatos que inclui a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE), apontou como exemplo do efeito desse diploma na sua própria família.
“Se este diploma for aprovado estou sujeito a ir parar ao Alentejo, a minha esposa [também professora] a Trás-os-Montes e os meus filhos ficam em Viana do Castelo. Se temos um Presidente dos afectos o que pedimos é socorro. Se o Governo não nos salva, valha-nos, pelo menos, o Presidente da República”, afirmou o docente.
Paulo Cunha lembrou que há muitos casais em que ambos são professores para advertir que “se o diploma for aprovado vão mesmo desistir da profissão porque já não estão em idade de se afastar dos seus filhos”.
“Governo escuta, professores estão em luta”, “Todo o tempo é para contar, não é para roubar” ou “Não bastam reuniões, são precisas soluções”, foram palavras de ordem ouvidas na manifestação, ao som de apitos e cornetas.
GESTÃO DAS ESCOLAS ASSEGURADA
Também em declarações à Lusa, a directora do agrupamento de escolas de Santa Maria Maior, Sílvia Vidinha, admitiu que a “luta muito justa” dos professores tem tido “impacto” nas actividades das escolas, mas garantiu que a “gestão diária” das situações tem permitido assegurar uma “escola pública de qualidade”.
“Tenho a sorte de dirigir um grupo de mais de 200 professores que têm brio profissional, que não se têm desfocado do papel que têm junto dos alunos e que sabem a importância que têm na vida dos alunos. Os nossos alunos estão habituados a uma escola pública de qualidade. É uma escola pública de qualidade que estão a ter. Mesmo no tempo de luta, os senhores professores não deixaram que assim não fosse”, afirmou.
Sílvia Vidinha alertou ainda para a “visão de desencanto” que os alunos, “professores de amanhã”, têm manifestado sobre a profissão durante as aulas. Dentro da escola, mais de uma dezena de estudantes repetiam as palavras de ordem que os professores gritaram no exterior.
A greve dos professores por distritos está a decorrer desde segunda-feira e até 12 de Maio, percorrendo, todos os distritos do país por ordem alfabética inversa (de Viseu a Aveiro), prevendo-se que cada dia de luta comece às 12h00, sem que tenham sido decretados serviços mínimos.
Em vez de haver um pré-aviso de greve para os 18 dias úteis, cada uma das nove organizações apresenta um pré-aviso para cada um dos dias de luta.
Além da Fenprof e da FNE, a plataforma de sindicatos inclui a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (Sepleu), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (Sinape), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu).