O sociólogo Boaventura Sousa Santos já tem oito denúncias de assédio moral e sexual, depois de três mulheres – duas brasileiras e uma portuguesa – terem relatado alegados casos de assédio e apropriação de trabalhos. Tratam-se de três antigas investigadoras do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, precisamente a instituição onde estiveram a as primeiras denunciantes dos casos.
A advogada das queixosas relatou estar a elaborar um documento com todas as provas, contando para isso com cinco testemunhas. As vítimas denunciaram 19 anos de más experiências laborais e deixam críticas à falta de acção da Faculdade de Coimbra. As ex-investigadoras juntaram-se agora e formaram um Colectivo Internacional de Mulheres, com ajuda de uma advogada, com o objectivo de denunciar outros casos de assédio do sociólogo.
“Quando as vítimas se expõem não quer que a sua denúncia seja objecto de ainda mais retaliações”, revelou a advogada.
As oito vítimas exigem uma investigação imparcial dos casos. “Há uma falha total da instituição de não ter criada uma comissão de ética”, acusou.
O sociólogo Boaventura Sousa Santos reagiu às primeiras acusações, de duas investigadoras, e disse que vai apresentar queixa-crime. Em carta aberta, o professor clamou a sua inocência e afirmou que apenas se reuniu com uma das três investigadoras que o acusam, em reuniões de trabalho.
“Declaro-me disponível para dar todas as informações e prestar todos os esclarecimentos que me sejam pedidos, quer no âmbito do processo judicial quer no âmbito dos processos internos, que o CES certamente vai pôr em movimento”, acrescentou.
O investigador referiu ainda que a investigadora belga Lieselotte Viaene tinha “um comportamento incorrecto e indisciplinado” e que a acusação trata-se de um “acto miserável de vingança institucional e pessoal”. A informação “caluniosa é anónima e assente em boatos, ou seja, em factos para os quais não é oferecida qualquer prova ou modo de chegar a ela”, garantiu Boaventura Sousa Santos, na missiva enviada a todos os membros do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Para o sociólogo, o texto das denúncias “tem uma mistura entre um quadro teórico sólido, retirado da literatura que foi produzida no seguimento do movimento ‘Me Too’, à qual se sobrepõe uma informação empírica assente em referências anónimas, boatos e incidentes não identificados e não provados de maneira a poderem ser contestados”, sublinhou.
“No que respeita às insinuações que me são feitas, quero afirmar que confrontarei qualquer suposta vítima com serenidade e sentido de responsabilidade”, finalizou.
Com Digest Executive