O saldo migratório do Norte foi de 20.834 pessoas em 2021, o valor mais elevado dos últimos 30 anos. Os dados constam da mais recente edição do boletim NORTE ESTRUTURA, publicado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), sob o tema ‘A evolução demográfica do Norte nos últimos 30 anos e o seu impacto na especialização económica dos territórios – dados definitivos dos censos’.
Entre outros dados, o boletim revela que o saldo migratório do Norte foi positivo em todos os anos de 2016 a 2021, perfazendo o valor de 60.984 pessoas, em termos acumulados.
“Ou seja, nesse período temporal, a imigração de pessoas para o Norte superou a emigração da sua população para outras regiões e países.”
Segundo a publicação, o crescimento do saldo migratório reflecte o reforço da atractividade do norte do país nesse período. Com base no relatório da Comissão Europeia (EU Regional Competitiveness Index 2.0 – 2022 edition), entre 2016 e 2021, o Norte português foi a segunda região da UE27 com o maior aumento no índice de competitividade, em resultado do crescimento do emprego e da inovação.
“Para o conjunto da década, entre 2011 e 2021, o Norte perdeu 2,8% da população residente. A queda da população residente do Norte entre 2011 e 2021 resultou, exclusivamente, do facto do número de nascimentos ter sido inferior ao número de óbitos”, refere o documento. Nesse período, o saldo natural da região foi de -76.865, em evidente contraste com valores positivos nas décadas anteriores. O saldo natural tinha sido de 118.664 entre 1991 e 2001 e de 40.795 entre 2001 e 2011.
DEMOGRAFIA E ECONOMIA
O boletim da CCDR-N recorda que ligação entre a demografia e a economia da região tem sido evidente em várias dimensões, inclusive no grau de especialização e diversificação sectorial,
Em 2021, as sub-regiões de maior dimensão populacional, como são os casos da Área Metropolitana do Porto, Cávado e Ave tinham estruturas económicas mais diversificadas, enquanto as de menor dimensão populacional (o Alto Tâmega, Douro e Terras de Trás-os-Montes) tinham estruturas económicas mais especializadas.
“Nos territórios de baixa densidade, a estrutura sectorial do emprego está dependente da localização de activos com menor mobilidade inter-regional, como são os casos dos recursos endógenos, do património natural e do emprego público”, lê-se no documento.
Já “as actividades económicas mais intensivas em recursos de maior mobilidade, como são os casos das indústrias transformadoras e dos serviços privados do terciário superior, localizam-se maioritariamente em territórios e municípios de maior densidade populacional”.
De facto, de acordo com os censos de 2021, 97,1% do emprego das indústrias transformadoras estava localizado na Área Metropolitana do Porto, Cávado, Ave, Tâmega e Sousa e Alto Minho.
Foto Reuters