O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou este domingo que a segurança privada “tem as suas limitações” e que o importante é que “a segurança funcione” durante os dias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Referindo-se à intervenção do artista Bordalo II, que estendeu uma “passadeira da vergonha”, composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar no Parque Tejo, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que esse episódio ocorreu “quando era segurança privada ainda a tomar conta, não segurança pública”.
A segurança privada estava ao serviço “precisamente para que se não dissesse que o Estado estava a intervir cedo demais, substituindo-se aos promotores e aos responsáveis pela iniciativa”, justificou, em declarações aos jornalistas em Vila Viçosa.
No seu entender, “o fundamental é que nestes dias que estão a começar, e sobretudo nos dias cruciais, que são os dias em que o Papa está em Portugal, a segurança funcione, as pessoas contribuam para isso”.
O Presidente da República disse esperar que as pessoas “não tenham a obsessão da segurança, mas tenham o bom senso na segurança”, e que tudo “corra bem para Portugal”.
“Se correr bem, ganham todos os portugueses. Se correr mal, perdem todos os portugueses, os que estão no Governo e os que estão na oposição”, frisou.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que o episódio da “passadeira da vergonha” aconteceu “de acordo com o humor nacional” e considerou que “a crítica em democracia é sempre possível”.
“Aquela é uma crítica com humor. Uns gostam, outros não gostam. Uns apreciam o lado crítico, outros ficam ofendidos, mas isso é democracia”, sublinhou.
Bordalo II estendeu a “passadeira da vergonha” numa crítica aos “milhões do dinheiro público” investidos para receber o Papa na JMJ.
A instalação intitulada ‘Walk of Shame’ (‘passadeira da vergonha’, numa tradução livre para português], composta por reproduções ‘gigantes’ de notas de 500 euros em sequência, foi divulgada pelo artista português na rede social Instagram, com imagens da produção e instalação no palco-altar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
“Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a ’tour’ da multinacional italiana. Habemus Pasta”, pode ler-se na publicação do artista.
O palco-altar no Parque Tejo esteve envolvido numa polémica sobre o seu custo, que resultou, em Fevereiro, na redução do valor de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões – assegurados pela Câmara de Lisboa.