Há em Portugal dezenas de carrinhas de nove lugares – muitas delas no Minho – a fazer, ilegalmente, transporte internacional de pessoas, pondo em risco a sua vida devido ao elevado número de horas que o condutor é obrigado a fazer, sem descanso. Quem o afirma é a Associação Rodoviária dos Transportadores Pesados de Passageiros (ARP)
A ARP, com sede no Porto, tem vindo a avisar o Governo de que, para além da concorrência desleal, o fenómeno já causou a perda de dezenas de vidas em acidentes rodoviários, em Espanha e França: ”vêm da Suíça, da Alemanha ou da França a guiar, durante 14 horas sem parar e os acidentes são inevitáveis”, afirma fonte da Associação.
“Em conversa que mantivemos, em 2015, com o ex-presidente Rui Pinto Lopes, este disse que a ARP exigiu ao Governo e à GNR uma maior fiscalização da circulação deste tipo de transporte nas
fronteiras, sobretudo na zona norte, em Vilar Formoso e em Chaves: “basta estar lá de madrugada para ver dezenas de carrinhas a passar”, salienta.
Rui Lopes frisou, ainda, que as carrinhas – cujo número atingirá as centenas – não só não cumprem os requisitos legais em termos de horas de condução (dois condutores pelo menos), seguros e licenças, como não pagam impostos ao fisco, prejudicando os transportadores do setor.
Sublinha que há, no norte do país, pelo menos seis operadores que apenas fazem transporte internacional de passageiros, com as respetivas licenças da União Europeia, alguns deles com investimentos de vários milhões de euros investidos, visto que um autocarro topo de gama para viagens longas custa 800 mil euros.
Assegura que, se houvesse maior fiscalização os transportadores afetados criariam emprego, mas reconhece que não é fácil à GNR multar as carrinhas ilegais, dado que os donos argumentam que estão a fazer um transporte ocasional de amigos ou família.
“Só há uma solução: a GNR pedir ao Ministério Público que abra uma investigação, dado que está em causa a vida de milhares de pessoas que são transportadas sem condições de segurança”, exige a ARP, sugerindo que as brigadas de trânsito registem as matrículas das viaturas nas fronteiras e depois as vão procurar nas vilas e aldeias onde angariam clientes.
GNR fiscaliza
Na altura, o então porta-voz da GNR Tenente Coronel Pedro Costa Lima adiantou que a Guarda constatou uma descida, nomeadamente em Vilar Formoso, do número de carrinhas que transportam pessoas, devido ao refluxo da emigração para o estrangeiro. A GNR reconhece que é “muito difícil” combater o fenómeno, por falta de provas de que se trata de transporte internacional ilegal. Garante que têm sido fiscalizadas muitas viaturas, e que esse esforço irá continuar no futuro.
Luís Moreira (CP 8078)