O presidente do PP de Espanha, Alberto Núñez Feijóo, considerou esta terça-feira que amnistiar independentistas catalães é “uma aberração jurídica e moral” e pediu aos deputados do país “uma última reflexão” antes de rejeitarem a sua investidura como primeiro-ministro.
“Aquilo que o independentismo pede é uma aberração jurídica e moral. Mas sobretudo porque é um ataque directo a valores democráticos essenciais”, disse Feijóo, no arranque da sessão parlamentar de debate e votação da sua candidatura a primeiro-ministro, na sequência das eleições espanholas de 23 de Julho.
Feijóo, que voltou esta terça-feira a reconhecer que lhe faltam apoios para ser eleito líder do Governo, dirigiu-se directamente, numa intervenção de uma hora e quarenta minutos, aos deputados do Partido Socialista (PSOE) e de forças nacionalistas e independentistas do País Basco e da Catalunha, pedindo-lhes “uma última reflexão” antes de ‘chumbarem’ a sua candidatura e viabilizarem, posteriormente, a de Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro que aspira a ser reconduzido no cargo.
O socialista Pedro Sánchez, sublinhou Feijóo, está disposto a conceder uma amnistia aos políticos que protagonizaram a declaração unilateral de independência da Catalunha em 2017 e a abrir as portas a um referendo de autodeterminação, naquilo que considerou ser um ataque e um desrespeito à Constituição espanhola, ao estado de Direito, à separação dos poderes e à vontade da maioria dos espanhóis expressa nas eleições.
O líder do Partido Popular espanhol (PP, direita) assegurou que, como Sánchez, poderia ter aceitado a exigência de amnistia dos independentistas e ver assim viabilizada a sua investidura como primeiro-ministro, mas disse não estar disposto a pagar esse preço porque tem “princípios, limites e palavra”.
Feijóo destacou que os partidos independentistas tiveram 5,5% dos votos nas eleições e que nenhum das outras forças se submeteu ao voto dos espanhóis com a amnistia e um referendo de independência no programa eleitoral.
Depois de invocar dirigentes históricos do PSOE que estão contra a amnistia e o período da designada “transição espanhola” da ditadura para a democracia, no final da década e 1970, fruto de acordos entre os grandes partidos do país, Feijóo apelou aos deputados para fazerem uma “última reflexão”.
O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de Julho e o Rei de Espanha, Felipe VI, indicou Feijóo como candidato a primeiro-ministro, cuja investidura será votada na quarta-feira e, em princípio, também na sexta-feira, numa segunda ronda prevista na Constituição espanhola.
Se se confirmar o fracasso da investidura de Feijó, o Rei de Espanha deverá indicar a seguir um novo candidato a primeiro-ministro, com Sánchez a afirmar repetidamente que está disponível e que tem condições para reunir os apoios necessários.
Com MadreMedia