O presidente da Concelhia do CDS de Braga está preocupado com “o estado de degradação” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “indignado com a parcimónia do Governo Central perante o caos vivido na saúde”. Altino Bessa dá como exemplo o que acontece no Hospital de Braga, obrigado a reduzir 12 camas nos cuidados intensivos e outras tantas na urgência de cirurgia geral a partir de 1 de Novembro, devido à indisponibilidade de médicos para realizar horas extra, para lá das obrigatórias por lei.
É este contexto que leva Altino Bessa a dizer, em nota enviada ao PressMinho esta terça-feira, que “o SNS está à beira de uma ruptura grave”.
“Mas aos olhos do Governo, a situação não exige medidas urgentes e concretas”, atira, sublinhando que “algo tem de ser feito para travar a deterioração” do SNS. Altino Bessa, também vereador municipal do CDS está, assim, “indignado” com a redução de camas anunciada pela administração do hospital e com “a parcimónia do Governo perante o caos vivido na saúde”.
“É lamentável a situação a que chegamos no Hospital de Braga. E este é só um exemplo porque há tantas outras situações idênticas pelos vários hospitais do país”, refere, depois de perguntar o que “anda a fazer o ministro da Saúde?”. “Arrisco a dizer que nada.”
“Este corte do número de camas, na lógica de raciocínio do Governo central, até vem a calhar porque os portugueses ‘têm de mudar hábitos’”, ironiza, referindo-se a declarações de António Costa.
“É impossível não fazer referência às últimas declarações do primeiro-ministro acerca do estado do SNS. Diz aos portugueses que a partir de Janeiro, o Serviço Nacional de Saúde terá as ‘peças do puzzle devidamente montadas’ e que há um ‘hábito que temos de adquirir: sempre que sentimos que necessitamos de cuidados de saúde, aquilo que devemos fazer é ligar para a Linha de Saúde 24 e seguir as orientações da Linha Saúde 24’. Em resposta, só posso dizer que o puzzle já foi montado e desmontado uma série de vezes porque as peças não encaixam”, afirma.
E acrescenta. “Tal como este Governo não encaixa na resolução das problemáticas que o país e os portugueses enfrentam. Depois é preciso que alguém diga ao Sr. António Costa que quem deve mudar de hábitos é o seu Governo porque já é chegada a altura de parar com as experiências e resolver os problemas efectivos e que todos os dias significam uma barreira inultrapassável para a maioria da população”.
Bessa diz que o facto de “mais de 2.000 médicos recusaram fazer mais horas extraordinárias do que as 150 obrigatórias” revela o falhanço das negociações entre a tutela com os sindicatos que representam a classe, pelo que “os constrangimentos continuam e vão continuar” ao mesmo tempo que “a incompetência deste Governo aumenta de dia para dia”.
“No final do dia a falta de camas no Hospital de Braga vai persistir e quem deve agir está em Lisboa a tentar ‘montar puzzles’”, remata.
Refira-se que a administração do hospital bracarense divulgou ter recebido até à passada sexta-feira, 12 minutas de indisponibilidade de médicos especialistas do Serviço de Medicina Intensiva, de um total de 19 intensivistas, além de mais 52 de cirurgia, o que significa menos 12 camas nos cuidados intensivos e menos outras 12 na urgência de cirurgia geral a partir do primeiro dia de Novembro.
Fernando Gualtieri (CP 7889)