O primeiro-ministro considerou este sábado que o acordo sobre o fundo de financiamento de ‘perdas e danos’ alcançado no primeiro dia da COP28 torna já a cimeira histórica, mas espera que os próximos dias possam trazer mais resultados.
“Mesmo que mais nada se alcance, aquilo que já se alcançou é, de facto, histórico”, disse António Costa, em declarações aos jornalistas, num balanço dos dois dias em que participou na 8.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos.
O primeiro-ministro referia-se ao acordo sobre a entrada em funcionamento do fundo para financiamento de ‘perdas e danos’ resultantes das alterações climática, que foi adoptada com aclamação por cerca de 200 países logo no primeiro dia da cimeira, e que prevê um financiamento de 100 mil milhões de dólares por ano, com início oficial previsto para 2024.
A UE vai contribuir com pelo menos 225 milhões de euros para este fundo.
Já Portugal vai contribuir com cerca de cinco milhões de euros para o fundo de financiamento de ‘perdas e danos’ resultantes das alterações climáticas.
Recordando a última COP, em realizada em 2022 no Egipto, António Costa afirmou que “havia muito boas ideias, mas poucas expectativas” sobre a sua concretização. “Agora, começamos esta cimeira passando dessa ideia vaga para a concretização efectiva”, sublinhou.
Ainda assim, o chefe de Governo português espera que o consenso do primeiro dia se possa reflectir em mais e melhores resultados no final, previsto para 12 de Dezembro.
Conforme tem vindo a dizer desde que chegou ao Dubai, na sexta-feira, reafirmou que o mundo não pode perder tempo e defendeu a necessidade de antecipar metas, como Portugal fez, por exemplo, com a neutralidade carbónica.
“Tem de ser um esforço global”, acrescentou, sublinhando que, por um lado, é preciso apoiar os países em desenvolvimento –aqueles que, simultaneamente, menos contribuem e mais sofrem com as alterações climática – e que os países industrializados têm de fazer mais e melhor.
A propósito da transição energética, o primeiro-ministro ressalvou que tem um preço e esse preço deve ser compensado de forma justa, através do desenvolvimento económico, da criação de emprego, da atracção e concretização de investimento. Caso contrário, acrescentou, “não há condições sociais para apoiar essa transição”.
António Costa insistiu ainda na valorização dos oceanos, um tema pouco destacado nas anteriores cimeiras, sobretudo na COP27 em que foi dado um passo atrás face aos progressos alcançados em 2021.
“Os oceanos são o maior regulador climático e é fundamental proteger. São uma fonte de protecção da biodiversidade, mas são também uma plataforma para a produção de energias”, justificou.