O Equador está a enfrentar uma vaga de violência extrema, com tiroteios, assaltos e sequestros que se repetem, diariamente desde que o líder de uma das maiores organizações criminosas do país fugiu da prisão.
Esta terça-feira, grupos do crime organizado rivais, ligados ao narcotráfico, provocaram um dia de terror no país, que se intensificou depois de o Presidente Guillermo Lasso ter decretado, na segunda-feira, o estado de emergência por 60 dias, que incluiu seis horas de recolher obrigatório durante a noite.
A violência obrigou, ainda, Lasso a enviar as forças armadas e a polícia nacional para as ruas.
Pelo menos oito pessoas morreram e outras três ficaram feridas, incluindo um agente da polícia, em vários ataques armados registados na terça-feira em Guayaquil, confirmou o autarca da cidade do sudoeste do Equador.
Em Guayaquil, epicentro da violência e segunda maior cidade do país sul-americano, ocorreram roubos, saques e tiroteios em áreas comerciais, admitiu na polícia, numa conferência de imprensa.
Na zona norte da cidade costeira, vários indivíduos dispararam contra veículos que passavam nas imediações, provocando a morte de cinco pessoas e ferindo um estudante. Na mesma zona, um grupo armado invadiu um armazém e assassinou três pessoas.
Também em Guayaquil, vários homens armados invadiram um estúdio do canal de televisão TC e fizeram os jornalistas e outros funcionários reféns durante uma transmissão em directo.
Todos os homens armados que invadiram o estúdio de televisão foram, entretanto, detidos, segundo o chefe da Polícia Nacional, comandante César Zapata, em declarações ao canal Teleamazonas.
A Procuradoria do Equador disse na rede social X que irá acusar 13 pessoas pelo crime de terrorismo pelo ataque.
Pouco tempo depois, o Presidente do Equador decretou estado de “conflito armado interno” e ordenou a neutralização dos grupos criminosos envolvidos no tráfico de drogas.
Num decreto presidencial, Daniel Noboa ordenou “a mobilização e intervenção das forças armadas e da Polícia Nacional (…) para garantir a soberania e integridade nacionais contra o crime organizado e organizações terroristas”.
Também o Tribunal Nacional de Justiça (CNJ) lamentou a “ofensiva do crime organizado”, referindo-se igualmente a motins nas prisões, automóveis incendiados e ataques com explosivos.
Em comunicado, o tribunal condenou os ataques e ameaças que surgiram contra o presidente do CNJ, Iván Saquicela, e a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar.