Mais de 100 pessoas participaram este domingo no comício de protesto contra o Presidente da Rússia, em Lisboa, e, às criticas a Vladimir Putin, somaram-se muitos apelos à libertação de presos políticos.
Entre os participantes, estava Marat Gelman, coleccionador e curador de arte, que foi considerado “agente estrangeiro” em 2021, por Moscovo, na mesma altura que Veronika Nikulshina, do grupo musical Pussy Riot.
O activista, que integra o comité Anti-Guerra, criado por personalidades públicas no exílio em 2022, juntou a sua voz ao movimento, em Lisboa, que quer uma ‘Rússia sem Putin’, até porque os “amigos que vivem na Rússia” não têm a possibilidade de “falar livremente”.
“Por isso falamos em nosso nome e por eles”, referiu o activista à Lusa, acrescentando que outro dos objectivos de manifestações como a deste domingo é fazer os europeus perceberem que “nem todos os russos estão com Putin”, ao mesmo tempo que sublinha a necessidade da libertação dos presos políticos e a solidariedade para com a Ucrânia.
Na iniciativa organizada pela Associação de Russos Livres, Gelman também notou que “não é uma questão de crença” caracterizar as próximas eleições na Rússia: “eu sei exactamente, não serão eleições, porque não há eleições, tal como não há ‘media’ livre, nem nenhum grupo independente”. “Não haverá eleições. Será alguma coisa… Será uma performance”, concluiu.
FARSA ELEITORAL
Lisboa e Porto integraram iniciativas em, pelo menos, outras 120 cidades de 40 países em todo o mundo, promovidas pela Fundação AntiCorrupção, fundada pelo opositor russo Alexey Navalny.
Pela organização, Timofey sublinhou o objectivo de “mobilizar as pessoas contra o Putin, na véspera da farsa eleitoral”.
“Cada um de nós que está aqui hoje [domingo] tem de sensibilizar mais 10 pessoas contra esta luta”, referiu à Lusa, recordando que todos os sábados são promovidas manifestações junto da embaixada da Rússia e informou que no dia das eleições – 17 de Março – decorrerá uma “manifestação considerável” no mesmo local.
O responsável recordou ainda os “heróis” que são os presos políticos, que na Rússia “resistem e lutam” pela liberdade de todos.
Vladimir Putin está no poder desde 2000 e pretende garantir um quinto mandato presidencial, depois de também ter ocupado o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012. Segundo as sondagens locais, Putin deverá vencer as próximas eleições presidenciais.
A oposição russa, cujo líder Alexei Navalny cumpre 30 anos de prisão num estabelecimento penitenciário no Ártico, acusa o Kremlin (Presidência russa) de preparar uma fraude eleitoral através do voto electrónico, ao qual vão ter acesso um terço dos eleitores recenseados durante os três dias da votação, previstos entre 15 e 17 de Março.
Com MadreMedia