Os bloqueios dos agricultores franceses estão a criar limitações às transportadoras portuguesas, que não conseguem importar e exportar alguns bens e mercadorias. A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários (ANTRAM) denuncia esta segunda-feira uma “situação muito preocupante”.
“Os efeitos para os veículos portugueses estão a fazer-se sentir desde o primeiro dia. É o maior impacto que a ANTRAM se recorda do ponto de vista de paralisações”, começa por dizer o porta-voz da ANTRAM, André Matias de Almeida, em declarações à TSF.
O cenário para esta segunda-feira é de “mais de 20 auto-estradas cortadas” e contribui, explica André Matias, para a contínua “disrupção do abastecimento” quer ao nível de importações, como exportações.
“Isso já está a acontecer, muitos veículos ficam retidos. Não estamos a falar ainda de bens de primeira necessidade, mas estão obviamente condicionados por esta paralisação e continuarão”, nota.
“A situação é muito preocupante”, reitera, acrescentando que a ANTRAM está a “monitorizar a situação com a sua congénere francesa de hora a hora”.
Também em declarações à TSF, o presidente da Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores (Portugal Fresh), Gonçalo Andrade, alerta que as empresas portuguesas arriscam-se a perder clientes.
“Tirando Espanha, todos os outros países já estão com atrasos significativos. O nosso transporte é principalmente transporte rodoviário com frio controlado, estamos a falar principalmente de produtos perecíveis e já estão muitos carros a ficar bloqueados e com atrasos de 24/48 horas”, afirma Gonçalo Andrade.
O responsável pela Portugal Fresh explica que, por exemplo, peras e maçãs podem ser substituídos “por outras origens que não tem problemas logísticos, como a Polónia e Áustria e antecipa “prejuízos avultados”.
CERCO A PARIS
Um bloqueia de agricultores franceses, convocados pelos principais sindicatos do sector, ameaça esta segunda-feira paralisar Paris, com as autoridades a mobilizarem as forças de segurança em grande escala para minimizar o impacto do protesto.
A mobilização dos agricultores em França pretende denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.
Há dias que os agricultores franceses utilizam os seus tractores para bloquear as estradas e abrandar o trânsito em toda a França, em busca de uma melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e protecção contra as importações.
Na sexta-feira, o Governo anunciou uma série de medidas que, segundo os agricultores, não satisfazem plenamente as suas reivindicações, que incluem a “simplificação drástica” de certos procedimentos técnicos e o fim progressivo dos impostos sobre o gasóleo para os veículos agrícolas.
Entretanto, o governo francês prometeu esta segunda-feira apresentar, no prazo de 48 horas, novas medidas a favor dos agricultores e anunciou que pretende renegociar o fim do pousio obrigatório na cimeira da União Europeia (UE) marcada para quinta-feira.
Com TSF