Menos de dois dias após ser citado no ‘Panama Papers’ e ter garantido que não iria renunciar, o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Gunnlaugsson, mudou de ideia e pediu demissão do cargo nesta terça-feira. A sua saída ainda deverá ser aprovada e pelo presidente do país, Olafur Ragnar Grimsson.
Gunnlaugsson estava sob crescente pressão depois de documentos revelarem que ele e a mulher compraram uma empresa offshore em 2007. O ex-primeiro-ministro é a primeira grande vítima entre as dezenas de líderes citados nos ‘Panama Papers’, saídos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.
Na segunda-feira, a oposição apresentou uma moção de desconfiança e milhares de pessoas reuniram-se em frente ao Parlamento para protestar sobre o que a oposição considerou uma falha de Gunnlaugsson ao não esclarecer um conflito de interesses sobre a empresa.
Os ‘Panama Papers’ foram obtidos pelo ICIJ — consórcio de jornalismo de investigação formado por 376 jornalistas de 109 órgãos de comunicação social de 76 países — e deram início a uma série de reportagens globais sobre como multi-milionários e políticos esconderam as suas fortunas durante anos.
Embora não seja crime registar uma empresa num paraíso fiscal, os documentos mostram que bancos, escritórios de advocacia e outros actores offshores não seguiram os requisitos legais para garantir que seus clientes não estivessem envolvidos em actividades criminosas, evasão fiscal ou corrupção política. Em alguns casos, segundo mostram os registos, os offshores protegeram e a seus clientes ocultando transacções suspeitas ou alterando registos oficiais.
FG (CP1200) com O Globo