Os danos causados aos cabos submarinos no Mar Vermelho estão a perturbar as redes de telecomunicações e a obrigar os fornecedores a reencaminhar um quarto do tráfego entre a Ásia, a Europa e o Médio Oriente, incluindo o tráfego Internet.
Cabos pertencentes a quatro grandes redes de telecomunicações foram “cortados”, causando perturbações “significativas” nas redes de comunicações no Médio Oriente, segundo a empresa de telecomunicações de Hong Kong HGC Global Communications.
A HGC calcula que 25% do tráfego entre a Ásia e a Europa, bem como o Médio Oriente, tenham sido afectados, segundo um comunicado divulgado esta segunda-feira e que a CNN Portugal teve acesso.
Entre as redes afectadas encontra-se a Ásia-África-Europa 1, um sistema de cabos de 25 mil quilómetros que liga o Sudeste Asiático à Europa através do Egipto.
O Europe India Gateway (EIG) também foi danificado. O EIG liga a Europa, o Médio Oriente e a Índia, passando por países como Portugal, em Sesimbra, e conta com a Vodafone como um dos principais investidores.
A Vodafone, um grande operador de rede móvel, não quis comentar o caso à CNN Portugal.
A empresa afirma no seu website que pode enviar tráfego Internet através de cerca de 80 sistemas de cabos submarinos que chegam a 100 países.
A maior parte das grandes empresas de telecomunicações depende de múltiplos sistemas de cabos submarinos, o que lhes permite reencaminhar o tráfego em caso de avaria para garantir um serviço ininterrupto.
A destruição dos cabos no Mar Vermelho ocorre semanas depois de o governo oficial do Iémen ter alertado para a possibilidade de os rebeldes Houthis atacarem aquelas infra-estruturas. Os militantes apoiados pelo Irão já perturbaram as cadeias de abastecimento mundiais ao atacarem navios comerciais na via navegável crucial.
Na semana passada, a agência noticiosa israelita Globes sugeriu que os Houthis estavam por detrás dos danos causados aos cabos. O líder rebelde do Iémen, Abdel Malek al-Houthi, negou as alegações. “Não temos qualquer intenção de atacar os cabos marítimos que fornecem Internet aos países da região”, afirmou.
Desde então, o governo do Iémen tem responsabilizado as unidades militares britânicas e norte-americanas que operam na zona pelos danos, segundo um relatório publicado no sábado pela agência noticiosa estatal do país.
Numa declaração da semana passada, o governo iemenita sublinhou a importância de proteger os cabos submarinos e disse estar “empenhado em fornecer todas as facilidades necessárias para que esses cabos submarinos sejam reparados e mantidos”.