A Riopele, de Famalicão, e a MundoTêxtil, de Vizela, são as primeiras empresas nacionais a tornar público que o conflito no Médio Oriente está a afectar as suas exportações, obrigando-as a repensar todo o sistema logístico e procurar novas rotas marítimas para continuar a dar resposta aos clientes.
“A guerra entre Israel e o Hamas, seguida dos ataques aos navios no Canal de Suez por parte do grupo Houthi, levou a que as grandes companhias marítimas desviassem a sua rota normal pelo Mar Vermelho para o sul de África, pelo Cabo da Boa Esperança, tendo como consequência directa o aumento do frete e do transit time”, diz Paulo Oliveira, director do departamento de compras ao jornal T. Segundo a empresa, um contentor proveniente da Ásia passou a demorar 60 dias, em vez dos tradicionais 45.
Também a Mundotêxtil, principal produtora de felpos em Portugal, admite estar a ser impactada de diversas formas pelo conflito no Médio Oriente.
Citada pelo T, a administradora Ana Vaz Pinheiro diz que “além dos desafios nas compras/aprovisionamentos, observamos atrasos nas entregas devido ao transporte, afectando directamente os nossos clientes que nos têm solicitado encomendas com prazos de entrega mais curtos, o que tem exigido uma gestão mais precisa e ágil da logística”.
“Actualmente, o transporte demora cerca de dois meses, comparado com os habituais 22/25 dias a partir do Paquistão e Índia. Isso resultou em aumentos significativas nos custos de transportes e seguros dos contentores”, afirma, adiantando que está a ajustar os seus processos “para provisionar com uma maior antecedência, o que implica um aumento na disponibilidade financeira para manter os níveis de stock adequados”.