O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta segunda-feira na Grécia que Portugal cumpriu “escrupulosamente” o seu programa de assistência financeira, mas com “consequências negativas sociais e económicas”.
“Portugal cumpriu o seu programa de ajustamento e tem sido apontado pelas instituições europeias como o exemplo do país que cumpriu mais escrupulosamente todo o programa. Ficamos muito contentes com esse reconhecimento por parte da União Europeia”, afirmou António Costa.
Para Costa não se pode “ignorar que esse ajustamento não evitou que a dívida tivesse subido de 97 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) para 130 por cento, que o país tenha uma taxa de desemprego extremamente elevada e que tenha aumentado significativamente o nível de pobreza em Portugal”.
Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, e António Costa consideram que as políticas de austeridade adoptadas nos últimos anos contribuíram para “deprimir as economias e dividir as sociedades” nos Estados-membros da União Europeia onde foram aplicadas. Os dois chefes de governo sustentam ainda que a austeridade gerou “altos níveis de desemprego” e de “pobreza”.
“Com o crescimento da desigualdade social e da pobreza, os nossos países e a Europa enfrentam um longo período de estagnação económica”, lê-se no documento divulgado após o encontro entre os dois chefes de governo.
Crise migratória
Alexis Tsipras e António Costa assinaram uma declaração conjunta em que prometem cooperar, sobretudo na resposta à crise migratória, e criticam as consequências das políticas de austeridade na União Europeia.
A declaração conjunta foi distribuída aos jornalistas após o encontro entre Alexis Tsipras e António Costa, que antes também esteve reunido com o chefe de Estado grego, Prokopis Pavlopoulos, no primeiro ponto do seu programa de visita oficial à Grécia.
Em relação ao fenómeno dos refugiados, Tsipras e Costa salientam na declaração conjunta que a Europa enfrenta um “enorme desafio” desde o ano passado, importando combater as “causas” deste fenómeno.
“Neste contexto, Grécia e Portugal vão cooperar para fazer com que a União Europeia dê os passos necessários para a efectivação de uma política migratória efectiva nas suas fronteiras externas”, lê-se na declaração conjunta.
FG (CP 1200) com DN e SIC