A defesa e a militarização da Europa têm sido temas centrais na campanha para o Parlamento Europeu, tanto em Portugal como no resto dos 27 países da União Europeia. A maioria dos cidadãos europeus, incluindo os portugueses, parece concordar com a necessidade de fortalecer a capacidade militar. A imigração não está nas prioridades, revela sondagem
Segundo dados do Euro-barómetro, 71% dos europeus e 70% dos portugueses apoiam o aumento da produção de armamento, enquanto 66% dos europeus e 70% dos portugueses acreditam que é necessário gastar mais em defesa na União Europeia.
A integração política na área de segurança e defesa também recebe amplo apoio. O Euro-barómetro revela que 77% dos europeus e 65% dos portugueses defendem uma política comum de segurança e defesa, representando um aumento significativo em comparação com os dados anteriores. A política externa comum também é apoiada por 69% dos europeus e 59% dos portugueses, embora com menos entusiasmo.
UCRÂNIA: PREOCUPAÇÃO
A invasão russa da Ucrânia é a principal preocupação dos europeus e dos portugueses. De acordo com o Euro-barómetro da Primavera, 42% dos europeus e 52% dos portugueses consideram a invasão russa como a crise do passado que mais influencia a sua visão do futuro.
Quando questionados sobre os maiores desafios da União Europeia, a guerra na Ucrânia lidera com 35% dos europeus e 40% dos portugueses.
PRIORIDADES DOS EUROPEUS DIFERENTES DOS PORTUGUESES
As prioridades políticas para os próximos cinco anos variam significativamente entre os europeus e os portugueses.
A segurança e a defesa são a principal prioridade para 34% dos europeus, seguidas pelo ambiente e clima (30%).
Em contraste, os portugueses colocam a saúde em primeiro lugar (51%), seguida pelo emprego e igualdade social (ambos com 41%), com a segurança e a defesa a surgir apenas em terceiro lugar (24%).
As diferenças nas prioridades são evidentes entre os vários países da UE. A defesa e segurança são a principal prioridade em dez dos 27 países, com a Lituânia a liderar (54%). Em sete países, o ambiente e clima são prioritários, com destaque para a Suécia (62%). A economia é a principal preocupação em cinco países, liderados pela Grécia (44%). A saúde é a prioridade máxima em quatro países, incluindo Portugal, França, Irlanda e Eslovénia. Outros países priorizam migrações, emprego, igualdade social ou agricultura.
IMIGRAÇÃO: UM TEMA MENOS PRIORITÁRIO
A imigração, embora amplamente debatida, não é uma das principais preocupações dos europeus. No Euro-barómetro, a crise migratória aparece em quinto lugar entre as crises que mais afectam a visão do futuro, bem abaixo da guerra na Ucrânia (42%), pandemia (34%), crise económica e financeira (23%) e alterações climáticas (17%). Apenas 8% dos portugueses consideram a crise migratória uma preocupação significativa.
Quando questionados sobre os desafios actuais da UE, 24% dos europeus mencionam a imigração, comparado com apenas 6% dos portugueses.
Em termos de prioridades para os próximos cinco anos, a imigração ocupa o quarto lugar entre os europeus (apenas depois da segurança e defesa, ambiente e clima, e saúde) e o nono lugar entre os portugueses.
APOIO À UCRÂNIA
A maioria dos europeus, incluindo os portugueses, apoia fortemente a Ucrânia. O Euro-barómetro mostra que 87% dos europeus e 94% dos portugueses concordam com o apoio humanitário à Ucrânia. Além disso, 83% dos europeus e 93% dos portugueses apoiam o acolhimento de refugiados ucranianos.
As sanções económicas à Rússia têm o apoio de 72% dos europeus e 91% dos portugueses.
O apoio financeiro à Ucrânia é aprovado por 70% dos europeus e 84% dos portugueses, e o fornecimento de equipamento militar é apoiado por 60% dos europeus e 84% dos portugueses.
CONFIANÇA NA UNIÃO EUROPEIA
Os portugueses estão entre os povos europeus que mais confiam na União Europeia. Segundo o Euro-barómetro, 68% dos portugueses confiam na UE, superados apenas pelos dinamarqueses. Além disso, 68% dos portugueses têm uma imagem positiva da UE e 86% sentem-se cidadãos da União Europeia, ficando apenas atrás dos luxemburgueses.
Esta confiança reflecte-se no forte apoio a políticas comuns de segurança e defesa, bem como nas prioridades nacionais que colocam a saúde e o bem-estar social no topo da agenda.
Fonte Executive Digest