O presidente do Chega, André Ventura, anunciou esta quinta-feira, em Braga, que o partido quer chamar o antigo primeiro-ministro António Costa à comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria.
“Depois do que ocorreu hoje [quinta-feira], nós entendemos que deveríamos chamar também o antigo primeiro-ministro à comissão parlamentar de inquérito, o doutor António Costa”, anunciou, no final da uma arruada em Braga, inserida na campanha para as Eleições Europeias.
O presidente do Chega quer que o antigo primeiro-ministro esclareça no Parlamento “o que fez à comunicação que recebeu do Palácio de Belém em relação a este caso, para onde é que a transmitiu”, se “acompanhou o caso, se soube o que tinha acontecido, se fez diligências para saber se tinha havido algum favorecimento em relação a estas pessoas, se procurou saber a razão daquele pedido ou se foi um pedido entre muitos outros”.
De Costa, Ventura quer ainda saber se houve pressão do Presidente da República para dar a este caso um tratamento diferente dos outros, e se houve algum canal não oficioso que tenha chegado a António Lacerda Sales nesta questão.
“Marta Temido diz que não sabe de nada e nunca lhe passou o caso pelas mãos. Ora, sabemos que passou pelo gabinete do primeiro-ministro. Então, se Marta Temido não sabe, convém que o primeiro-ministro saiba alguma coisa”, indicou.
André Ventura recusou que esta decisão se prenda com Lacerda Sales ter sido constituído arguido, indicando que o “estatuto processual é uma questão de justiça”. E sobre estar a decorrer uma campanha eleitoral, defendeu que “a justiça não para, as comissões também não”.
“Hoje [quinta-feira] tivemos um facto novo, há duas hipóteses: o Parlamento ignorar o que está a acontecer no país todo, como alguns candidatos querem fazer, ou não, tomar a dianteira, tomar diligências, respeitando a investigação, mas tomar diligências e chamar o antigo primeiro-ministro para responder”, sustentou.
O Regime Jurídico dos Inquéritos Parlamentares permite ao primeiro-ministro e ex-primeiros-ministros depor por escrito.