O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, defendeu esta segunda-feira, no Porto, que a estratégia turística na região para o futuro deve apostar na mobilidade, e especificamente na ferrovia e no Aeroporto Sá Carneiro.
Para Luís Pedro Martins, que participou na 2.ª Sessão do ciclo Conferências ‘Estratégia Turismo 2035: construir o turismo do futuro ‘, que decorreu esta segunda-feira no edifício da Alfândega do Porto, o desafio na região “é a mobilidade” e a sustentabilidade.
Segundo o presidente da Entidade Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), a “ferrovia pode dar um grande contributo”, designadamente através da Linha do Douro, que pode “dar um maior contributo para retirar a pressão da Área Metropolitana do Porto”, mas também o TGV (Comboio de Alta Velocidade) para estabelecer uma mais rápida ligação à Galiza – o primeiro mercado da região do Porto e Norte -, e a Madrid.
Luís Pedro Martins assume que se “tivesse essa varinha de condão” fazia essa linha de Alta Velocidade de ligação a Madrid com um projecto “revolucionário” que era atravessá-la pelo interior para combater a “desertificação” desse território português.
A questão do Aeroporto Sá Carneiro foi outro tema elencado pelo presidente da TPNP, que sugere novo investimento para que não venha acontecer o mesmo que está a suceder com o aeroporto de Lisboa.
“Convém olhar para os números. Nós crescíamos 10% ao ano até 2019, depois vem a pandemia da Covid-19 em 2020. No pós-pandemia recuperámos logo no primeiro ano a totalidade dos movimentos de passageiros. E depois tivemos um espantoso crescimento de 20% de 2022 para 2023. Ora, a crescer desta forma se calhar já deviam estar a tocar os alarmes para perceber que, ultrapassando a barreira dos 15 milhões de movimentos de passageiros, vale a pena pensar em investimento no aeroporto para chegar aos 40 milhões de movimentos de passageiros”.
SECTOR MAIS ‘SEXY’
Luís Pedro Martins também destacou a necessidade de ter mais recursos humanos qualificados e defende que se consiga trazer mais talentos, tornando o sector mais ‘sexy’.
O presidente da TPNP anunciou que o mercado norte-americano é o segundo que visita a região Norte em Portugal, com um crescimento “muito interessante”, estando na senda desse mercado o “canadiano”.
O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, disse, por seu turno, durante a sessão que a aposta no futuro próximo para o turismo passaria por aumentar, por exemplo, as rotas entre Portugal e EUA e Portugal e o México.
Também presente na 2ª sessão do ciclo de conferências esteve o presidente da CCDR Norte, António Cunha, que defendeu, por seu turno, que os desafios do turismo para o futuro vão passar pela “sustentabilidade ambiental” e “neutralidade carbónica”, mas também pelo “desafio digital” e pelo desafio turismo/agricultura para ajudar a fixar as pessoas ao território.
“O desafio digital é um desafio complicado para o Norte, porque na população acima dos 40 anos há uma baixa literacia digital. O turismo obriga a nossa sociedade a ser mais digitalizada e isso é algo essencial”, disse.
António Cunha também elencou a estrutura do aeroporto e a do comboio de Alta Velocidade como essenciais para o futuro do turismo e para a toda a actividade económica, designadamente ao nível da exportação.
Durante a sessão, Pedro Machado falou em vários “pontos cardeais” para o futuro do turismo, destacando a necessidade de discutir “o grau de satisfação das comunidades locais que recebem os turistas”.
“As pessoas são o ‘core’ desta indústria do turismo”, defendeu, Pedro Machado, elencando também a atenção que tem de ser dada aos recursos humanos, às empresas/privados, ao mercado, ou à mobilidade.