Maria João Pires, Tiago Rodrigues, Marco Martins, Mariza são alguns dos nomes que vão passar por Braga em 2025, no âmbito da Capital Portuguesa da Cultura, que conta com 13,5 milhões de euros de orçamento, anunciou hoje a autarquia.
Outros destaques são a dupla de coreógrafos Meg Stuart e Francisco Camacho, as histórias da artista visual e escritora de canções Kim Gordon, dos nova-iorquinos Sonic Youth, a arquitectura de Manuel Bouzas, curador da representação espanhola na próxima Bienal de Veneza, e a dança da norte-americana Allison Orr, que tem criado coreografias comunitárias, com companhias de bombeiros, trabalhadores do saneamento, brigadas de electricistas e condutores de gôndolas.
Em conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, destacou que o objectivo é continuar a afirmar a cidade como “uma capital de cultura” a nível nacional, europeu e mundial.
O autarca sublinhou que a aposta passa pelo envolvimento da comunidade, levando a cultura a todos as freguesias do concelho, em muitos casos ao abrigo de iniciativas já promovidas regularmente pelo município.
“Não vamos reinventar as nossas actividades todas, mas vamos, obviamente, aproveitar alguns recursos adicionais para fazermos coisas novas”, referiu, numa referência às diferentes iniciativas regularmente promovidas e apoiadas pelo município e ao reforço previsto da programação dos principais espaços culturais da cidade, Theatro Circo e gnration, como se lê no dossier da Braga25.
O autarca apontou algumas “iniciativas inovadoras”, como um “grande festival” de arte e arquitectura em alguns bairros da cidade, uma parceria entre o grupo de cantares Mulheres do Minho e o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, e uma performance com trabalhadores da empresa de águas e resíduos Agere, dirigida pela coreógrafa norte-americana.
Como “projectos emblemáticos”, destacou, desde logo, a exposição retrospectiva da última década da carreira como artista visual de Kim Gordon, ‘cantautora’ guitarrista, baixista e vocalista dos Sonic Youth, que criou com Thurston Moore.
Ricardo Rio destacou ainda o espectáculo de dança que junta o português Francisco Camacho e a norte-americana Meg Stuart, dois coreógrafos que trabalham regularmente em projectos conjuntos, desde que se cruzaram nos Estados Unidos, na década de 1980.
A apresentação no Theatro Circo da nova peça de Tiago Rodrigues, ‘No Yogurt for the Dead’, em Fevereiro, e a nova criação de Marco Martins, destacam-se num “eixo da criação artística nacional presente na programação de 2025”, que inclui “estreias de artistas na cidade como a pianista Maria João Pires, apresentações únicas como a que fará a fadista Mariza”, e “festivais que ligam o quadrilátero cultural (Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão) tais como o Square e o Extremo”, segundo o dossier da iniciativa.
“Para nós, a Capital Portuguesa da Cultura (CPC) não é um acto isolado ou um momento, mas sim um contínuo de um processo de muitos anos”, sublinhou o autarca.
Ricardo Rio deu conta da aposta do executivo que lidera em assumir a cultura como “um elemento certificador do desenvolvimento” do concelho e “catalisador de várias áreas de promoção da qualidade de vida”.
Decorrente da designação como CPC, Braga receberá cerca de dois milhões de euros de financiamento público, mas a programação vai implicar um investimento total de 13,5 milhões de euros, também comparticipado pelos cofres do município e por outros patrocinadores.
A administradora da empresa municipal Faz Cultura, Joana Meneses Fernandes, adiantou que um terço dos projectos a apresentar na CPC foram repescados da candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, uma corrida que Braga perdeu a favor de Évora.
Segundo Joana Meneses Fernandes, a CPC 2025 mobiliza cerca de 170 parceiros locais, 50 nacionais e 40 internacionais.
Das 1.300 candidaturas apresentadas para cinco projectos diferentes, foram seleccionadas 40.
Braga foi, conjuntamente com Aveiro, Ponta Delgada e Évora, finalista na candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, corrida que acabou por ser ganha pela última daquelas cidades.
Para “compensar” as cidades que ficaram pelo caminho, o Governo criou a figura de Capital Portuguesa da Cultura, que este ano cabe a Aveiro, em 2025 a Braga e, em 2026 a Ponta Delgada.
“Somos Todos Capitães – 50 anos em Liberdade”, uma “grande exposição transdisciplinar” sobre os 50 anos de 25 de Abril de 1974, com curadoria de Paulo Mendes, actuações da Companhia Nacional de Bailado e da Orquestra do Algarve, e a colaboração, nas áreas da imagem e da música, de Daniel Blaufuks e Matthew Herbert fazem também parte das primeiras confirmações da Braga25.