O vice-presidente da CCDR-N, Jorge Sobrado, anunciou este sábado em Valladolid (Espanha) a candidatura comum a fundos europeus, para o desenvolvimento de projectos para a gestão e promoção do património histórico, a nível ibérico, a ter início em 2025.
“No início do próximo ano [2025] vamos formular uma candidatura a fundos europeus para que haja uma dimensão transversal a projectos transfronteiriços, relacionados com o património romano, em especial a gestão conjunta de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar e Las Médulas, em Castela, mas também a valorização do património românico entre estas duas regiões Ibéricas”, indicou o responsável pelo sector da Cultura e Património, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O anúncio é tido como uma “novidade a nível bilateral” entre Portugal e Espanha e foi feito no decurso de uma conferência ibérica realizada esta manhã, no certame cultural AR-PA que decorre na cidade castelhana de Valladolid, que juntou na mesma mesa responsáveis pelo sector cultural e do património da região Norte e Castela e Leão.
“Nós temos vontade e planos concretos na área cultural e do património. Dos encontros bilaterais que foram realizados entre CCDR-N e Junta da Castela e Leão saiu a convicção de se trabalhar em comum num património que é estruturante ao nível ibérico”, vincou Jorge Sobrado.
Para a CCDR-N, o património românico é importante, estruturante e valioso no Norte de Portugal e na província espanhola de Zamora.
ROTAS DO ROMÂNICO
Para portugueses e espanhóis, esta cooperação ibérica no âmbito das rotas do românico passa pelo que há no Norte de Portugal, e no território zamorano.
“Temos de passar de um plano de intenções a um plano de gestão conjunto do património e cultura. Estamos a articular que haja apenas um plano de gestão patrimonial ao nível da fronteira”, referiu o responsável do lado português.
Para Jorge Sobrado estas propostas comuns têm como fonte de inspiração a ralação que existe em o Vale do Côa e a sua arte rupestre e a sua extensão de Siega Verde, que fica em Castela e Leão como as mesmas gravuras de há 30 mil anos.
“Esta relação entre o Parque Arqueológico do Vale do Côa (PACV), em Vila Nova de Foz e Siega Verde é um exemplo vivo desta cooperação transfronteiriça e que leva já alguns anos e que se pretende alargar a Portugal e Espanha” indicou.
Do lado da Junta de Castela e Leão, o director-geral do Património Cultural, Juan Carlos Prieto, defende que o modelo de gestão fronteiriço entre Fundação Côa Parque – que gere o PAVC e Fundação Siega Verde que gere o sitio arqueológico com o mesmo nome – são “excelentes exemplos de cooperação fronteira que terão de ser aplicados não só ao já elencado, mas também a novos projectos ibéricos”.
“Portugal e Espanha são a Península Ibérica, que têm em comum um vasto património e tradições e raízes culturais”, lembrou.