Os recentes atropelamentos registados em Braga, levam a Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda (BE) a criticar o anúncio autárquico da criação de “equipas de trabalho” para estudar soluções que impeçam estes sinistros. Considera que um atropelamento “de três em três dias” não se resolve com “medidas pontuais”.
Em comunicado, o BE bracarense aponta, em primeiro lugar, a responsabilidade por estes atropelamentos à politica seguida “há décadas” pelos executivos camarários de adopção de um modelo de mobilidade centrado na criação de vias rápidas de circulação automóvel pelo espaço urbano que, com o crescimento de Braga, em vez de fazerem fluir o trânsito se incorporaram no perímetro da cidade, aumentando “significativamente a sinistralidade e agravou os problemas de congestionamento”.
“A ideia de uma cidade “amiga do automóvel ligeiro” faz com que em Braga os veículos tenham apenas duas velocidades de circulação: ou parados nas filas de trânsito ou demasiado depressa”, resume o Bloco.
“Não podemos exclusivamente relacionar cada um dos sinistros acontecidos com a política do município, mas é inequívoco que a promoção da circulação em automóvel ligeiro potencia os acidentes, e que o actual Executivo não só nada fez para minimizar o problema, como ainda o agravou”, diz o partido. “E não será necessário criar uma equipa de trabalho depois de 11 anos de governação para revelar o que está à vista de todos.”
SOLUÇÕES BLOQUISTAS
Como resposta à sinistralidade, o BE reitera o que defendeu nas últimas Autárquicas, uma solução que passa por considerar “três dimensões essenciais”: o desenvolvimento do transporte público como prioridade; a transformação progressiva das variantes em avenidas urbanas; e a “periferialização” do trânsito de atravessamento do concelho. “Isto tem de se traduzir numa cidade amiga dos peões e da mobilidade suave e não dos carros.”
Em concreto, o BE propõe, entre outras medidas, facilitar a mobilidade para os peões com percursos pedonais, passeios com pisos regulares, passadeiras elevadas e mais frequentes, com sinalética vertical e horizontal adequada, uma rede articulada para veículos suaves e transportes públicos com prioridade sobre os particulares.
Um transporte público com vias próprias para poderem cumprir horários, uma rede articulada dos TUB-CP, mais transportes suburbanos e entre concelhos, maior e melhor informação, passes intermodais e o alargamento da rede e a frequência das carreiras, são outras medidas.
O Bloco reconhece que esta medidas que se “podem revelar impopulares, como a limitação do acesso dos veículos ligeiros a zonas com grande pressão de tráfego e a reconfiguração das vias rápidas para diminuir a velocidade dos automóveis. Mas tem de ser feito!”.
Fernando Gualtieri (CP7889)