Mais de 700 funcionários da rede de restaurantes de fast-food McDonald’s apresentaram queixas por assédio e racismo contra o grupo americano no Reino Unido. A investigação foi iniciada pela BBC em Julho de 2023 e alongou-se por cinco meses, durante os quais foram recolhidos mais de 100 testemunhos.
Num comunicado divulgado pelo escritório de advogados responsável pelo caso, os funcionários descrevem situações de desrespeito não só relacionadas com assédio, mas, particularmente, de descriminação por motivo de deficiência, homofobia e racismo. De acordo com o documento, estão envolvidos mais de 450 restaurantes no Reino Unido.
A rede de fast-food tem mais de 168 mil funcionários no país, a maioria jovens. Existem, inclusive, relatos de menores de 17 anos, que afirmam ter “medo de ir trabalhar” e de ser “tocados” pelos gerentes de loja.
O director-geral do McDonald’s no Reino Unido e na Irlanda, Alistair Macrow, veio a público pedir desculpa por “falhas claras” na protecção dos funcionários. Na declaração, o responsável garante que a empresa está a desenvolver “um trabalho intensivo” na resolução de medidas que visem a protecção dos trabalhadores.
Alistair Macrow acrescentou ainda que a empresa enfrenta “uma ou duas” denúncias de assédio sexual por semana de funcionários no Reino Unido.
Em resposta às acusações, o McDonald’s apresentou uma proposta de reformulação da lei do trabalho ao parlamento britânico. “As alegações descritas são abomináveis, inaceitáveis e não têm lugar no McDonald’s”, refere Alistair Macrow, dirigindo-se aos deputados ingleses.
Durante esta reunião, o chefe executivo do McDonald’s no Reino Unido disse que a empresa já tomou medidas para “proporcionar um local de trabalho seguro e protegido” aos seus funcionários.
Mais concretamente, o restaurante de fast-food implementou um sistema on-line que permite que todos os funcionários da empresa, independentemente da localidade, possam manifestar-se sobre questões de assédio “com total confidencialidade”.
“COMPORTAMENTOS INACEITÁVEIS”
A par disso, de acordo com Alistair Macrow, 29 trabalhadores foram demitidos no último ano por causa de assédio sexual. “Estamos confiantes de que estamos a tomar medidas significativas e importantes para lidar com comportamentos inaceitáveis que, inevitavelmente, todas as organizações enfrentam. Sabemos, por isso, que devemos estar constantemente vigilantes”, refere.
Entre os relatos registados pela BBC, surgem acusações de “toques não consentidos de gerentes e membros da equipa e assédio por parte dos consumidores”. Existem também casos de violência verbal, desde comentários homofóbicos, a insultos e gritos. A resposta: “o meu chefe disse-me que, se eu não conseguisse lidar com isso, deveria deixar o meu emprego”, conta um ex-funcionário da McDonald’s, na altura com 19 anos.
A BBC citou nesta terça-feira outro testemunho de um funcionário que foi assediado por ser portador de uma deficiência mental e física que o obrigou a deixar o seu emprego.
Não é a primeira vez que a empresa americana é alvo de denúncias. Em 2019, o Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Alimentação (BFAWU) divulgou que mais de mil funcionárias disseram ter sido vítimas de assédio sexual e maus-tratos no local de trabalho.
Com MadreMedia e AFP