O plano de acção do Norte para a Cultura faz uma aposta na criação de rotas culturais, polos arqueológicos, centros de criação, museus de território e cinema, prevendo um financiamento comunitário de 100 milhões de euros.
O vice-presidente para a Cultura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Jorge Sobrado, afirmou esta segunda-feira que a cultura foi definida como uma das áreas estratégicas de aposta.
“A cultura e o património são o mais poderoso instrumento que a região dispõe para fomentar a coesão territorial”, salientou o responsável que falava, em Vila Real, à margem da apresentação do plano de acção regional para a Cultura e linhas de financiamento do Norte 2030.
O plano resulta dos contributos recolhidos durante três anos (2021-2024) pela região e é um “guião de investimentos” considerados estratégicos e prioritários para a valorização do património cultural, quer seja religioso, de estruturas militares (castelos e fortalezas), ligado à literatura, música, cinema ou fotografia.
“Este plano de acção faz um diagnóstico e, ao mesmo tempo acende uma luz de farol para definir um caminho e uma rota, no fundo, de crescimento e de valorização da área da cultura”, sublinhou Jorge Sobrado.
O vice-presidente disse que o plano de acção contempla 20 medidas, destacando cinco como “especialmente estratégicas”: rotas culturais, rede de polos arqueológicos, centros de criação, museus de identidade territorial e cinema e audiovisual.
ROTAS DO NORTE
O programa Rotas do Norte visa a organização do património cultural, histórico, arte e arquitectura da região para que estas rotas se constituam como produtos culturais que atraiam mais visitantes a toda a região.
Prevê-se a criação de rotas de castros, do património romano, de castelos e fortalezas, do românico, do património industrial, arte rupestre ou religiosa, entre outras.
“É, no fundo, colocar o património ao serviço de comunidade, mas também ao serviço do seu desenvolvimento local e regional”, salientou Jorge Sobrado, defendendo a necessidade de “pulverizar os fluxos turísticos” que se estão a “híper concentrar” no Porto.
Outra aposta é a rede de oito polos arqueológicos. Jorge Sobrado apontou a necessidade de investigar, musealizar, digitalizar, conservar e restaurar muito espólio que, neste momento, está disperso e não está a ser valorizado.
A terceira medida é a criação de uma rede de museus de território que “fazem a preservação de colecções relevantes e contam a história de um território” e, depois, como quarta medida, uma rede de centros de criação, tendo sido apontada como uma lacuna da região a inexistência de espaços qualificados para a criação artística.
“Estamos a propor à região criar uma constelação [rede] também de oito centros de criação que podem ser mono ou multidisciplinares e que permitam reter talento e favorecer as condições de criação artística”, salientou o vice-presidente da CCDR-N.
A quinta aposta está relacionada com o cinema e o audiovisual, pretendendo-se fomentar actividades de produção de cinema, de geração de talento e de oportunidades para o desenvolvimento da economia do cinema no Norte.
Jorge Sobrado adiantou que está previsto um financiamento de cerca de 100 milhões de euros, no âmbito do Norte 2030, que se poderá traduzir num investimento global de 150 milhões de euros (com a comparticipação nacional).
Especificou que 80 milhões de euros são destinados a investimento público e cerca de 20 milhões de euros para privado.
Já abriram linhas de financiamento para 50 milhões de euros para investimento público, prevendo-se a publicação de novos avisos, num total de 17 milhões de euros, até ao final de Abril.
Jorge Sobrado disse ainda que “se a região se mobilizar, se o sector cultural e do património estiverem preparados e apresentarem boas propostas, também se colocam em melhor posição para ver aumentadas estas dotações no futuro, aproveitando verbas não usadas em outros sectores”.