O Presidente da República comprometeu-se perante os eurodeputados, em Estrasburgo, a garantir a estabilidade em Portugal, recusando crises políticas.
Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou, esta quarta-feira, a importância de lutar pelo projecto europeu, num discurso perante os deputados do Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo.
“A Europa com que sonho quer manter-se unida e solidária, atenta a possíveis chegadas e desejando que não haja partidas”, afirmou, num discurso aplaudido de pé pelos eurodeputados.
Falando da crise de migrantes e do papel “exemplar” de Portugal na disponibilidade demonstrada para o acolhimento de refugiados, Marcelo Rebelo de Sousa referiu: “A Europa com que sonhei, e sonha a maioria dos portugueses, enfrenta novos desafios bem mais complicados” do que os desafios económicos das crises passadas. “Não é tempo de vacilar”, sublinhou.
O Presidente da República defendeu a importância de se reflectir sobre o futuro da União Europeia afastando “comportamentos xenófobos” e “recusando isolacionismos de outrora”, acrescentando que o debate apenas será frutuoso se os líderes europeus estiverem atentos às aspirações dos cidadãos de uma Europa como “espaço de esperança, liberdade, justiça, solidariedade e bem-estar”.
Marcelo argumentou existir a necessidade de uma “maior pedagogia europeia” e, numa alusão velada ao acordo UE/Turquia, apelou a que “ as questões de fundo não sejam esquecidas entre acordos de curto prazo”.
Condenando os atentados terroristas em solo europeu, o Presidente afirmou que a Europa tem de “saber vencer as ameaças do fanatismo religioso”.
“A Europa com que sonho quer ter um peso politica mundial equivalente ao seu peso comercial” e que “recupere os povos, os jovens, os eleitorados esquecidos”. Terminando em inglês, Marcelo citou ainda os grandes nomes do pensamento europeu, lembrando que “o Portugal” que trazia hoje “partiu para os mares sem nunca esquecer que levava consigo a terra de Goethe, Dante, Shakespeare e Pessoa”, entre outros.
Estabilidade e mais estabilidade
No discurso, o Presidente afirmou que “o programa de ajustamento testou a capacidade histórica dos portugueses para resistirem as crises e sacrifícios pessoais para que os equilíbrios pudessem vingar”.
“Como Presidente”, afirmou, “orgulho-me de estar aqui hoje e poder dizer: A Europa não faltou no auxílio e Portugal honrou os seus compromissos saindo de forma limpa do seu ajustamento”.
O Chefe de Estado comprometeu-se perante os eurodeputados a garantir a estabilidade em Portugal, recusando crises políticas. Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para referir que o rumo seguido pelo actual Governo português é diferente do anterior, mas que pretende alcançar as metas a que se comprometeu.
“Sinto que é essencial pacificar, desdramatizar, cicatrizar feridas e gerar consensos”, afirmou, “recusando crises políticas a somar as questões económicas e sociais”. Marcelo expressou ainda o desejo de ver o sucesso deste caminho de equilíbrio entre “rigor financeiro” e as situações sociais mais delicadas.
O Presidente da República lembrou os tempos da adesão à C.E.E., altura em que os portugueses viam a Europa como um “incentivo a construção de um Portugal novo”. “Desde que há democracia, Portugal continua fiel a este projecto, com todos os seus presidentes e todos os seus governos”, sublinhou.
FG (CP 1200) com RR