O primeiro-ministro reagiu esta quarta-feira ao discurso do presidente russo – onde este anunciou uma “mobilização parcial” de cidadãos e garantiu que a ameaça nuclear não é ‘bluff’ – referindo que este foi “uma desilusão” para os que desejam a paz.
“A mensagem do presidente Putin é uma grande desilusão para todos os que desejam o fim rápido da guerra e o restabelecimento da paz na Ucrânia”, afirmou em declarações aos jornalistas à margem do 77.º período de sessões da Assembleia das Nações Unidas, em Nova Iorque.
“Acho que hoje o discurso do presidente Biden foi de uma grande serenidade, muito claro a reafirmar que a guerra nuclear não pode existir e essas ameaças são de uma total responsabilidade. Não é mesmo o caminho a seguir”, frisou ainda o chefe do Executivo, referindo-se às palavras do presidente dos EUA, que acusou a Rússia de violar a carta das Nações Unidas.
António Costa salientou ainda que foi discutida a importância de garantir a liberdade de circulação dos cereais, dos fertilizantes “e de tudo o que é necessário para assegurar as próximas culturas”.
“A União Europeia, desse ponto de vista, está a fazer um esforço grande para clarificar que as sanções não abrangem nenhum destes produtos”, esclareceu, já que “temos de conter os efeitos globais desta guerra”.
Questionado sobre as palavras que trocou hoje com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, Costa afirmou ter manifestado a “total disponibilidade” de Portugal para participar “no esforço de dissuasão” no leste europeu e ter sublinhado “a necessidade de a NATO dar um sinal muito claro” de apoio ao esforço que a Ucrânia tem estado a fazer para repor o Direito Internacional.
Apesar de não se deslocar à sede da ONU, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi autorizado a participar através de discurso pré-gravado na sessão de alto nível da Assembleia Geral.
A expectativa do Primeiro-ministro português é que esse seja “seguramente um discurso vigoroso na defesa da integridade e do direito à soberania do seu país” e, espera, um “discurso que ajude a construir o esforço comum que tem de haver para a paz”.
Contudo, sublinha: “Não haverá paz enquanto o agressor – Rússia – não parar a agressão”.
“O respeito pelo Direito Internacional é a marca fundadora das Nações Unidas”, frisou António Costa.
Sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU, já defendida por Joe Biden, António Costa assegurou que a posição de Portugal vai no mesmo sentido e prometeu tocar no assunto na intervenção que fará amanhã nas Nações Unidas.
“O Conselho de Segurança é um órgão que é essencial, mas que manifestamente já não corresponde à realidade do mundo de hoje. Há regiões e países do mundo que não figuram como membros permanentes do Conselho de Segurança e que têm de figurar”, defendeu.
Com NM