Dois dos advogados mais antigos de Braga, Vespasiano Macedo e António Cunha, não se entendem por causa de devolver a comissão da eventual permuta de uma quinta em Vila Verde, que não chegaria a fazer-se, decorrendo o julgamento no Tribunal de Braga.
O réu, o advogado Vespasiano Macedo, da Vila de Prado, afirmou à juíza, Margarida Sousa, que o problema começou entre a eventual permuta da Quinta de Fundevilla, em Soutelo, Vila Verde, com outra, a Quinta do Colégio dos Órfãos, em Maximinos, Braga.
Na versão do réu, “a permuta estava prestes a realizar-se, quando o novo arcebispo de Braga”, D. Jorge Ortiga, mandou anular o negócio, ao final de um ano de trabalhos, em que houvera lugar a comissões no total de 250 mil euros: 125 mil euros ao economista Abel Barbosa, 62.500 a Vespasiano Macedo, e 62.500 para o arquitecto Fernando Jorge.
António Cunha era então advogado da empresa Minho Investe, que iria fazer a permuta com o Colégio dos Órfãos, em Braga, tendo exigido assim a devolução das comissões, por o negócio não ter ido avante, sendo que todos devolveram o dinheiro recebido, à excepção de Abel Barbosa, que diz ter “trabalhado muito” e nada tendo com a anulação.
António Cunha, segundo afirmou Vespasiano Macedo, terá comprado esse crédito, que era a não devolução dos 125 mil euros à Minho Investe, quando esta empresa entrou em fase de insolvência, passando a ser o credor daquela quantia em relação a Abel Barbosa.
Mas o advogado António Cunha disse que terá emprestado 125 mil euros ao economista Abel Barbosa, sendo Vespasiano Macedo o fiador daquele contrato de mútuo, só que na respectiva declaração de dívida não consta a assinatura do beneficiário, mas somente do advogado de Prado e que por essa mesma razão diz não ter qualquer obrigação de pagar.
Falando durante a primeira audiência, no Palácio da Justiça de Braga, Vespasiano Alves de Macedo negou dever 65 mil euros a António Fernandes da Cunha, explicando que “a dada altura paguei-lhe 60 mil euros, em dois cheques de 30 mil euros cada, porque ele enganou-me, fazendo crer que eu era fiador de um amigo comum que não era devedor”.
Vespasiano Macedo, famoso por ter assessorado juridicamente os maiores negócios de bens imobiliários em Braga, afirmou à magistrada que “nada devo” ao autor desta acção cível, o seu colega António Cunha, que no processo é ainda advogado em causa própria.
Segundo Vespasiano Macedo, “eu fui o primeiro a devolver a minha comissão, porque apesar de achar que a merecia, nem sequer fomos consultados para a anulação de todo o negócio, que estava devidamente aprovado e deu muito trabalho, a toda a nossa equipa”.
Vespasiano Macedo explicou que “eu entreguei o dinheiro para não andar com o meu nome da praça pública”, pedindo agora que António Cunha lhe devolva os 60 mil euros, que “só paguei por ter sido enganado”, com os juros legais, mais uma indemnização de 15 mil euros “devido ao vexame sofrido”, ao todo quase 83 mil euros que o réu solicita.
JG (CP 2015)