A Infra-estruturas de Portugal (IP) revelou esta sexta-feira que a instalação de uma torre de telecomunicações junto à antiga estação de comboios de Vila Praia de Âncora, embargada quarta-feira pela Câmara de Caminha, “não carece de qualquer licenciamento externo”.
“A colocação da torre e respectivas obras são da responsabilidade da IP e para seu próprio uso no âmbito da sua actividade de mobilidade ferroviária encontram-se enquadradas no regime jurídico dos bens do domínio público ferroviário, DL 276/2003 de 4 de Novembro, não carecendo de qualquer licenciamento externo à IP”, refere esta sexta-feira a empresa.
Na quarta-feira, numa publicação na conta oficial da rede social Facebook, o município de Caminha, no distrito de Viana do Castelo, refere que “o embargo total produz efeitos imediatos até serem esclarecidos os devidos licenciamentos por parte das Infra-estruturas de Portugal”.
Questionada pela Lusa, fonte oficial da autarquia liderada pelo PS esclareceu apenas que o embargo foi decretado para “aferir da legalidade do procedimento”, sem especificar qual o aspecto que determinou o embargo.
Hoje na resposta, por escrito, a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, a IP adianta “que deu conhecimento, em devido tempo, à Câmara de Caminha das torres de telecomunicações e respectivas localizações, sempre dentro das zonas de Domínio Público Ferroviário, em que iriam ser colocadas”.
“Igual informação foi prestada a todas as autarquias cujo território é atravessado pela Linha do Minho”, assegura.
COMUNICAÇÃO RÁDIO ENTRE COMBOIOS
A Infra-estruturas de Portugal acrescenta que “sempre demonstrou total disponibilidade para prestar os esclarecimentos adicionais que sejam solicitados sobre o processo em curso, podendo integrar algumas alterações que sejam atempadamente sugeridas”.
Em causa está “uma intervenção a nível das comunicações rádio, regida por normas, regulamentos e especificações técnicas de cobertura e recepção de sinais radioeléctricos bem definidos e muito dependente de conjuntos ambientais que condicionam a propagação radioeléctrica”.
A “colocação da referida torre de comunicações é promovida pela Infra-estruturas de Portugal e tem como objectivo integrar o sistema de comando e controlo da circulação ferroviária, na vertente das comunicações rádio entre os comboios e os centros de comando centralizado de tráfego”, refere a IP.
“Esta intervenção essencial é promovida no âmbito da modernização global no corredor Norte/Sul – Linha do Minho, em especial no troço de linha entre Nine e Valença Fronteira, onde foram já concretizados os investimentos na electrificação e instalação de sinalização electrónica e telecomunicações fixas”, sustenta.
Segundo a empresa, actualmente “está a ser realizada a componente de instalação do sistema rádio GSM-R, que irá permitir suportar as comunicações móveis de exploração, de voz e dados, entre os comboios e os CCO (Centro de Comando Operacional)”.
A “rede de comunicações móvel, de uso privado e exclusivo ferroviário, contribui para um reforço das condições de segurança e eficácia da operação ferroviária, seguindo as directivas de interoperabilidade ferroviária europeia (ETI) para os sistemas de comando e controle de circulação, que determinam como obrigatória a instalação do sistema GSM-R como suporte deste sistema”.