O director do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) do Rio Minho defendeu esta quarta-feira que um novo encerramento de fronteiras entre Portugal e Espanha “não resolve” a propagação do novo coronavírus e representaria “um duro golpe para a economia transfronteiriça”.
Em declarações à agência Lusa, a propósito de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, no âmbito da avaliação à evolução da covid-19 que os governos dos dois países vão fazer nos próximos dias, Fernando Nogueira adiantou que “há outras formas mais eficazes para conter e suster a propagação do novo coronavírus”.
“A confirmar-se um novo encerramento de fronteiras, será um duro golpe para a economia de fronteira e mais um contra-tempo nas relações transfronteiriças”, disse o também presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira.
Constituído em Fevereiro de 2018 e com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange um total de 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a Comunidade Inter-municipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.
Em Junho, o AECT do Rio Minho liderou vários protestos realizados nas pontes internacionais que ligam os municípios do Norte de Portugal e da Galiza exigindo a reabertura total das fronteiras entre os dois países, repostas entre Março e Junho.
De acordo com dados recentes do Observatório Transfronteiriço Espanha-Portugal, dos 60 pontos existentes entre ambos os países, os de Valença-Tui, Cerveira-Tomiño e Monção-Salvaterra do Minho estão entre os seis com maior fluxo de tráfego transfronteiriço, somando, entre as três, mais do 50% do trânsito de veículos.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que vai abordar a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal e Espanha com a homóloga espanhola na sexta-feira, destacando o trabalho “de forma muito coordenada” entre os dois países.
“Eu terei o prazer de receber a minha colega espanhola [Arancha González Laya] na próxima sexta-feira, dia 18. Teremos depois a cimeira bilateral entre os dois países, no dia 2 de Outubro, e, naturalmente, essas são oportunidades para nós trocarmos informação sobre o modo como estamos a acompanhar a evolução da pandemia e das medidas que todos estamos a tomar para combatê-la”, disse à Lusa Augusto Santos Silva.
O ministro dos Negócios Estrangeiros acrescentou que tem havido um trabalho “de forma muito coordenada com as autoridades espanholas”.
Questionado sobre a necessidade de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, depois de as autoridades espanholas terem anunciado, na segunda-feira, 27.404 novos casos desde sexta-feira, Augusto Santos Silva sublinhou que as decisões recaem sobre os ministros da Administração Interna de Portugal e do Interior de Espanha.