Os resultados do Relatório e Contas da Câmara Municipal de Amares relativo ao ano de 2016, que apresentam um resultado de aproximadamente 847 mil euros, não advêm, na perspectiva do PS, de uma “boa gestão, pois beneficiaram da venda de infraestruturas, obtendo assim receitas extraordinárias que não vão voltar a acontecer”. “Até o senhor presidente da Câmara deve ou deveria saber que uma mesma ‘coisa’ não se pode vender duas vezes, pelo que neste caso alguns dos anéis já se foram”, diz Jorge Tinoco.
Em comunicado, o líder do PS Amares refere que “no que concerne a esse negócio da rede de águas e saneamento, infelizmente serão os amarenses a pagar uma pesada factura já daqui a uns breves meses, com a implementação de novos e gravosos tarifários”.
O PS acusa o executivo municipal de seguir uma “orientação conturbada e tensa, que sujeitou Amares a um desinvestimento e a uma propositada estagnação em 2016, defraudando as expectativas dos amarenses, para agora ter aparentemente algum dinheiro nos cofres em ano de autárquicas e distribui-lo por obras avulso e de remendos, sem planeamento nem estratégia, em algumas freguesias onde acham que precisam de captar mais votos ou então servir interesses particulares”.
Jorge Tinoco acusa ainda esta governação, “cujo responsável nem sabemos quem é”, de tentar ludibriar o eleitorado, reiterando que Moreira “iludiu” os amarenses, depois de ter prometido, no programa autárquico, “intervenções estruturantes nas margens dos rios, um parque de campismo, a implementação da carta desportiva, o gabinete da agricultura, um estudo com efeitos práticos na promoção dos vinhos, da laranja, de trilhos e roteiros, entre outros compromissos que não passaram de sonhos”.
“Neste momento parece ser o programa eleitoral do PSD a ser implementado numa orientação de gestão ultrapassada, medida a metro, com vícios Amares que já se viram noutros tempos e que não serve as pessoas de Amares nem soluciona os problemas sociais e económicos actuais”, critica.
Jorge Tinoco teme também que os números não traduzam com a fidelidade desejável “realidades às vezes semiocultas ou pouco esclarecidas como dívidas exactas a fornecedores, critérios rigorosos em ajustes directos cuja transparência tanto se ouve questionar na praça pública, bem como as circunstâncias de que as obras feitas à pressa, além de impensadas e sem diálogo, venham a descambar em novas derrapagens para os cofres municipais”.
A este respeito, o líder socialista lembra “o que aconteceu recentemente”, embora sem citar nenhum caso concreto, “quando valores inicialmente previstos passaram para mais do dobro, sem qualquer explicação mesmo ante a insistência e o questionamento dos membros do executivo”.
A terminar, Tinoco questiona se Manuel Moreira “não estará ele próprio a colocar tudo a jeito para a passar sem qualquer obra estruturante e, agora talvez, mais que nunca, com contas e procedimentos envoltos numa nuvem e em total desordem ou desequilíbrio, em proveito de medidas que enterram dinheiro, fora de qualquer visão ou estratégia, apressadas e meramente de propaganda feita com o erário de todos nós”.
O Relatório e Contas referente a 2016 foi esta segunda-feira aprovado pelo executivo municipal, com duas abstenções, do socialista Jorge Tinoco e do vereador do Movimento Independente Amares Primeiro, Sandro Peixoto. Sara Leite não esteve presente.
Para o Presidente da Câmara, Manuel Moreira, os resultados do Relatório mostram que a autarquia tem “desenvolvido uma governação transparente, eficiente e responsável com taxas de execução da receita e da despesa perto dos 100% que reflectem uma política de planeamento e rigor na gestão municipal”.