A Amnistia Internacional (AI) divulgou, esta quinta-feira, um novo relatório que denuncia tratamentos abusivos e violentos por parte da polícia italiana aos migrantes que chegam ao país. O documento conta com relatos de diversos refugiados que garantem ter sido alvo de agressões físicas, choques eléctricos e humilhações várias, incluindo sexuais.
Na origem dos abusos, alega a organização, está a nova abordagem, definida pela União Europeia, de criar ‘hotspots’ onde os migrantes são identificados e sujeitos à recolha obrigatória das impressões digitais. Muitos dos recém-chegados recusam-se a fornecer estas impressões, já que pretendem pedir asilo noutros países europeus, onde têm familiares e amigos, pelo que é nestes casos que as autoridades fronteiriças italianas agem para além da legalidade.
“Recolhi testemunhos coerentes, de pessoas que me explicaram como foram espancadas, esbofeteadas e (…) electrocutadas com bastões, de pessoas que foram ameaçadas, de pessoas que foram detidas arbitrariamente para serem forçadas a dar as suas impressões digitais”, conta Matteo de Bellis, um investigador da AI, à televisão britânica BBC, revelando que entrevistou um total de 170 migrantes.
“Na sua determinação em reduzir a deslocação de refugiados e migrantes para outros Estados-membros, os líderes da UE incitaram as autoridades italianas a ir até aos limites – e para além – do que é legal”, acusa ainda o investigador, em declarações reproduzidas no site da organização não-governamental.
A AI refere, contudo, que este tipo de abusos não acontece em todos os postos, nem com todos os polícias destacados, pelo que reivindica a necessidade de se proceder a uma “revisão independente das práticas” denunciadas no relatório.
FG (CP 1200) com SOL