A Biblioteca Pública de Braga (BPB) apresenta este mês uma exposição sobre o poeta Antero de Quental, com uma centena de publicações ligadas à sua biografia e produção literária, além de cartas, artigos de imprensa e evocações. Fonte do organismo adiantou hoje que a mostra está patente no átrio desta unidade cultural da UMinho, na Praça do Município, tendo entrada livre de segunda a sexta-feira, das 9h00-12h30 e 14h00-17h30. A iniciativa insere-se nos 175 anos da BPB e do nascimento daquele autor açoriano, que foi ainda ensaísta, filósofo, político e jornalista.
Antero de Quental (1842-1891) estudou Direito em Coimbra e foi o símbolo da “Geração de 70”, um dos maiores movimentos intelectuais nacionais, a par de nomes como Eça de Queiróz, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro. Cofundou a ‘Sociedade do Raio’, para mudar o país pela literatura, o ‘Cenáculo’, promotor de ideais republicanos, e as ‘Conferências do Casino’, para refletir numa reforma política, literária e social em Portugal, sendo célebre a sua intervenção ‘Causas da Decadência dos Povos Peninsulares’, considerada por Eduardo Lourenço “o ato fundador” da cultura moderna portuguesa.
Ao publicar ‘Odes Modernas’ e ‘Bom Senso e Bom Gosto’, iniciou ainda a ‘Questão Coimbrã’, a maior polémica literária nacional do século XIX, rompendo com o ultrarromantismo. Destacou-se também no movimento que opôs Portugal a Inglaterra sobre o “mapa cor-de-rosa”, bem como na fundação do jornal A República e do Partido Socialista. Foi igualmente tipógrafo em Lisboa e em Paris.
Deixou uma vintena de obras literárias, sendo ‘Sonetos Completos’, prefaciada por Oliveira Martins, uma espécie de autobiografia intelectual. O último ensaio, ‘Tendências da Filosofia na segunda metade do século XIX’, saiu em 1890 na Revista de Portugal, dirigida por Eça de Queirós.
Tem o seu nome na toponímia de várias localidades, numa fundação em Lisboa, num centro de estudos em Vila do Conde e, na natal Ponta Delgada, associado ao dia municipal, à escola secundária, a um prémio de poesia, a um centro e à ala com o seu espólio na biblioteca pública.
Luís Moreira (CP 8078)