O grupo Coindu devolveu integralmente o apoio de 3,9 milhões de euros que recebeu em 2022 do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR), destinado à recuperação económica pós-pandemia de covid-19, revelou a empresa.
“Em 2022, a Coindu beneficiou de um empréstimo convertível governamental de 3,9 milhões de euros, no âmbito do PRR, que visava apoiar a recuperação económica pós-covid. No entanto, apesar desta intervenção – totalmente reembolsada antes do previsto, em Outubro de 2024 – a empresa registou uma deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado”, lê-se num comunicado publicado na terça-feira na sua página oficial de Internet, consultado esta quarta-feira pela agência Lusa.
Na segunda-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou à agência Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez e o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
“Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer acção das autoridades competentes”, destacou o SIMA.
No comunicado que publicou na Internet, o CEO do grupo, António Cândido, “anuncia a cessação das operações da sua fábrica de Arcos de Valdevez até ao final do corrente ano”.
“Esta decisão surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da actividade desta unidade. Nos últimos anos, o sector automóvel vem a sofrer uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão de obra mais baixos, nossos concorrentes directos”, refere.
Segundo o grupo, “esta situação conduziu a uma redução gradual dos projectos atribuídos à nossa unidade nos Arcos de Valdevez”, especializada no desig` e produção de componentes interiores para automóveis.
“Apesar dos intensos e prolongados esforços, infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica activa”, acrescenta António Cândido, destacando que “a entrada do Gruppo Mastrotto visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais”.
AJUDAR TRABALHADORES
O responsável afirma que “a principal fábrica portuguesa, em Joane, Vila Nova de Famalicão, continuará as suas operações, com foco nos segmentos `premium` do mercado automóvel, onde está localizado o centro de inovação tecnológico e o `headquarter` do grupo Coindu”.
“Esta decisão, embora difícil, reflecte uma necessidade objectiva de garantir a sustentabilidade da empresa. Reconhecemos plenamente o impacto humano e social que isso acarreta”, frisa, adiantando que, por essa razão, o grupo, em colaboração com a Câmara de Arcos de Valdevez, está “a desenvolver um programa de apoio para ajudar os colaboradores a encontrar novas oportunidades de emprego”, comprometendo-se “a manter um diálogo aberto e transparente com os todos os colaboradores, sindicatos, instituições e a comunidade de Arcos de Valdevez”.
Em 15 de Outubro, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de “uma participação maioritária na Coindu – Componentes Para A Indústria Automóvel, SA., por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio”.
Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez e em Joane, Vila Nova de Famalicão.