O presidente da Associação Comercial de Braga (ACB) defende que sector precisa de medidas “ajustadas à sua realidade”, considerando “inevitável” a injecção de capital a fundo perdido nas empresas para realançar uma economia empobrecida pela pandemia de covid-19.
Falando esta quarta-feira à noite no início do Webinar Especial (conferência por internet) de comemoração do 157º aniversário da instituição, Domingos Macedo Barbosa considerou que as medidas do executivo de António Costa de apoio à actividade comercial, apesar “fundamentais e oportunas”, são ainda “insuficientes”.
“Para a recuperação, esperamos do Governo medidas concretas que vão de encontro às necessidades sociais da população em geral e das empresas em particular”, afirmou o líder da ACB, avisando que “salvar empresas é salvar pessoas”.
“As medidas lançadas até hoje foram fundamentais e oportunas, mas insuficientes”, disse então, sustentando que “têm, obrigatoriamente, que ser reforçadas e adequadas às reais necessidades das empresas e dos diversos sectores de actividade”.
Nesse sentido, deixou alguns alertas ao Governo, a começar pela “inevitável” injecção de capital a fundo perdido e pelos “ajustamentos no tempo e na forma” do lay-off.
Quanto às moratórias, alargamento dos prazos de pagamento, Macedo Barbosa reconhece que foram “uma boa medida”, mas que “a curto prazo serão uma dificuldade asfixiante para as empresas que, na sua maioria, não reúnem condições para satisfazer as exigências da obtenção de crédito”.
Sobre os seguros de créditos, o presidente da ACB disse que requerem uma “solução rápida e eficaz”.
“Reconhecemos que as dificuldades são diferentes quando falamos de micro e pequenas empresas dos sectores dos serviços, alojamento, comércio e restauração, já que a sua maioria estão ancoradas no turismo e este vai demorar a restabelecer. Por isso, devem ser contempladas com medidas ajustadas à sua realidade”, referiu.
APELO À MOBILIZAÇÃO
Macedo Barbosa deixou igualmente alguns alertas para o interior da instituição, fundada em 1863.
Aumentar o apoio às empresas “não será possível sem o reforço do movimento associativo empresarial”, avisou, desafiando “à mobilização associativa de todas as empresas à volta desta instituição”, reforçando, assim, o seu poder de representação.
Afirmando que os efeitos sociais e económicos da pandemia têm “um impacto histórico na nossa sociedade de que não há memória”, e que “a incerteza da solução sanitária vem colocar enormes desafios” às empresas, nomeadamente na definição e concepção da sua estratégia empresarial futura afectada por factores “até agora desconhecidos e difíceis de equacionar”, Macedo Barbosa reforçou o apelo à mobilização dos empresários.
“Nunca como hoje foi tão evidente a importância das instituições empresariais na definição das políticas sociais e económicas lançadas pelos governos e autarquias locais”, referiu, acrescentando que “a importância do papel dos parceiros sociais (ou seja, das associações e sindicatos) nunca foi tão relevante como sucedeu durante o contexto de pandemia que vivemos”.
Fernando Gualtieri (CP 1200)