O presidente da Associação da Comunidade Afegã em Portugal, Omed Taeri, revelou, esta terça-feira, que o suspeito do ataque no Centro Ismaili, em Lisboa, mostrava “sinais de ansiedade e desespero”, uma vez que “queria alimentar os filhos e o apoio que o Estado português dava não era muito”.
As duas vítimas mortais, portuguesas, chamavam-se Mariana Jadaugy, 24 anos, e Farana Sadrudin, 49, e eram assistentes sociais. O atacante,
munido com uma faca de grandes dimensões, feriu ainda com muita gravidade um professor, quando assistia a uma aula de português – e que luta pela vida.
Segundo responsável, o homem contactou a associação por via telefónica, informando que “ia procurar um trabalho e não sabia com quem deixar os filhos”.
“Indicámos-lhe que deveria de falar com o Centro Ismaili, porque a família veio para Portugal com o Centro Ismaili”, justificou Omed Taeri, apontado que a associação não alertou as autoridades competentes do estado de saúde mental do homem porque “quem tinha responsabilidade por esta pessoa era o Centro Ismaili; eles tinham de fazer o seguimento”.
O fundador da associação ressalvou, contudo, que a comunidade cumpre a sua “religião da maneira que é, mas o Islão é uma religião de paz”. “Não somos agressivos”, reiterou.
“Não podemos julgar a comunidade inteira por causa de um caso isolado. Vivo aqui há 13, 14 anos e nunca tive problemas como ninguém. Os portugueses que me conhecem sabem como é que sou e ninguém da comunidade afegã teve qualquer tipo de problema”, salientou, reforçando que “este caso é um caso isolado porque este senhor teve problemas psicológicos e, na minha opinião e na opinião dos meus colegas, tinha de ser seguido por um psicólogo para que pudessem entender o motivo”.
O atacante, identificado pela SIC como Abdul Bashir, terá vindo “da Grécia para Portugal”, depois de ter perdido a mulher num campo de refugiados naquele país.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, confirmou que o homem, “relativamente jovem”, tem três filhos menores, de 9, 7 e 4 anos. Foi, depois, “recolocado em Portugal ao abrigo da cooperação europeia, e tratava-se de um cidadão beneficiário do estatuto de protecção internacional”, levando uma vida “bastante tranquila”.
O ministro apontou ainda que o homem beneficiava do apoio da comunidade ismaelita, no ensino de línguas, no “cuidado alimentar, cuidado com as crianças” e “não tinha qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança”.
Com revista Visão