Pelas razões por demais conhecidas, as Festas de São de João de Braga não tiveram este ano zés-p’reiras, nem gigantones, nem carrocéis, nem senegaleses a vender estatuetas de “autentico” pau-preto, nem “e repenica, repenica, repenica/ Tanta gente a suar em bica”, nem alho chocho, nem ranchos, nem bêbados/as aos sss pelas ruas.
Até houve quem tivesse saudades dos martelinhos, imagine-se!
Também faltaram os estrangeiros, as bandas de música, os parques de estacionamento lotados, as filas para os táxis, as filas para os stands da cerveja, os cabeçudos e as zaragatas por-dá-cá-aquela-palha.
Talvez por isso, quando as iluminações sanjoaninas se apagaram às 00h00, uma hora após o encerramento dos cafés, dos bares, das roulottes de farturas, de pão com chouriço, das pipocas e do algodão doce, o São João da Arcada tenha ficado, na penumbra, a olhar triste para uma avenida Central vazia de folia.
Ao contrário do que muitos agoiravam, a cidade de Braga viveu o seu São João “dentro de portas”, como a associação de festas pedira.
Os tão preocupantes ajuntamentos nas ruas e nas praças não se fizeram notar, para satisfação das ‘discretas’ PSP e Polícia Municipal, que dizem que “foi tudo muito calmo” e que “a população de Braga está de parabéns”.
Sim houve, como denuncia esta quarta-feira o conhecido activista ambiental bracarense Carlos Dobreira, quem não obedecesse às recomendações da autarquia e da DGS, como aquele grupo de foliões que deixou na praia fluvial de Adaúfe uma ‘pegada ecológica’ de minis e restos de batata frita.
No centro histórico, o comportamento cívico exigido em tempos de covid-19 foi “exemplar”, como o PressMinho anotou no caderno.
Aqui o cenário não foi diferente de um outro dia qualquer de Verão. Famílias e jovens de todas as idades (sem máscara, é certo) passeavam pelas ruas descongestionadas, enquanto grupos de amigos enchiam as esplanadas dos bares da Sé ou terminavam um (interminável…) jantar nos restaurantes da Arcada.
Diga-se – sem fugir ao rigor jornalístico exigido numa reportagem desta relevância… – que o Santo gostou de ter sido celebrado “dentro de portas”, embora olhe triste para a avenida Central, logo ele que, diz o povo, é dado a folias e marotices.
Talvez estes versos da cantiga da Associação Cultural e Festiva ‘Os Sinos da Sé’ o animem:
“Vamos botar uma cantiga
Em louvor de S. João
O nosso tempo assim obriga
E a pandemia é a razão (…)”
Fernando Gualtieri (CP 1200)