O presidente da Câmara de Montalegre defendeu esta segunda-feira não se pode continuar a “fornecer gratuitamente” um serviço de proteção e socorro, como o resgate que empenhou 39 operacionais e um helicóptero para retirar um jovem do Gerês.
“É uma irresponsabilidade absoluta. O sistema de Proteção Civil também não pode continuar a funcionar desta maneira”, afirmou Orlando Alves à agência Lusa.
Trinta e nove operacionais, entre bombeiros e militares da GNR, foram empenhados para o resgate de um jovem de 23 anos que pediu auxílio quando caminhava sozinho na zona de Minas de Carris, no Parque Nacional da Penada Gerês (PNPG).
Segundo fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro de Vila Real, o homem disse ter-se sentido indisposto e depois entendeu que já não teria forma segura de continuar a caminhada porque se meteu a noite e estava sozinho.
A vítima, que aparentava estar bem de saúde, e operacionais acabaram por pernoitar nas antigas casas das minas e a retirada da serra foi feita às 06h30 de helicóptero.
“Ninguém pode dar-se ao luxo de ir curar para a serra do Gerês os seus desgostos amorosos, as suas incompatibilidades sociais e os devaneios e sonhos que cada um possa ter. Quem o fizer, conhecendo os riscos que a serra comporta, está a agir e a atuar por conta própria e não podemos continuar a fornecer gratuitamente um serviço de proteção e socorro como aquele que foi desenhado e implementado nesta noite”, frisou Orlando Alves.
O autarca defendeu que é preciso “imputar estes custos a pessoas irresponsáveis”, ressalvando as situações em que o socorro é mesmo necessário, e referiu que deveria ser aplicada, por exemplo, “uma punição pecuniária ou a obrigação de fazer serviço cívico, de intervenção social para compensar a sociedade do investimento que a sociedade fez para lhe salvar a vida”.
E, continuou: “enquanto não fizermos isto, vamos continuar a assistir impunemente a esta forma de driblar o sistema da Proteção Civil e esta forma de gozar com o esforço de muita gente empenhada na salvação das vidas”.
O presidente lembrou ainda o trabalho que os municípios com área inserida no PNPG estão a fazer nesse sentido.
“Estamos a trabalhar em conjunto para que se crie um regulamento especial para a área do parque e que faça com que todas estas incursões sejam devidamente controladas e sejam monitorizadas ou obedeçam a autorizações prévias para que se saiba efetivamente quem é que está no parque e onde anda”, explicou.
Fonte: Porto Canal